tag:blogger.com,1999:blog-18898619509679512352024-03-13T13:37:26.442-07:00LISBOA CAFÉDE CERTO MODO, AQUI A REALIDADE ULTRAPASSA A FIÇÃO.Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.comBlogger533125tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-65230409850008390042018-02-10T23:41:00.000-08:002018-02-10T23:41:48.809-08:00ALCÂNTARA - MAR<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" data-ft="{"tn":"H"}" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit;">
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</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_q" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 6px 0px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="445" src="https://scontent.flis9-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/27657062_10208182881129555_4891157702456509119_n.jpg?oh=e224e78884c83b694c89fabc00ca71e3&oe=5B1D4BD2" width="640" /></div>
<div style="margin: 6px 0px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-large;">ALCÂNTARA - MAR</b></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 6px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Se agora o mundo da noite chegou para as bandas de Alcântara – Mar foi por ali, ao longo da Rua Fradesso da Silveira, com entrada para os Serviços Administrativos, do lado Sudoeste do grande prédio comercial de dois andares, a ocupar todo o lado direito de quem sobe.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era aí que funcionava uma gráfica, entre outros trabalhos, ali se fabricavam desde outros tempos cartas de jogar. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi nessa empresa, que João Moisés entrou a um de Julho de setenta. A designação era a de Viúva J. J. Nunes. A “Vúva” como todos os funcionários a designavam, para abreviar, tornando mais simples a nomeação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A princípio era-lhe atribuído o serviço de vendas. Havia uma renovação em curso, entrara um outro sócio, os anteriores, por falta de rentabilidade e com dívidas sobre dívidas, acharam por bem abandonar o “barco”.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um gestor de visão moderna, arriscara abandonar uma empresa de futuro para também entrar, formar equipa e elevar a fábrica gráfica rumo à rentabilidade, porém tendo em conta o passivo acumulado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Em breve João Moisés foi chamado a uma nova ocupação, mais de acordo com as aptidões, servia mesmo de conselheiro para a problemática de encomendas de trabalhos gráficos, rever todos os orçamentos de obras a decorrer, com certa periodicidade e atender clientes. Digamos que tratava de muitos assuntos, como entregas e até lhe estavam cometidos certos assuntos de pessoal.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Chegaram novos homens de vendas, conhecedores do marcado, que passaram a trazer para orçamentar obras de vulto. Parecia ter entrado ali um novo fôlego.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mais ou menos, à frente da produção, estava o pintor João Nascimento, que por sua vez foi buscar uma sua antiga professora de desenho, para o ajudar a proceder a trabalhos na área da criação artística.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés, estava a entrar num mundo que o cativara e posicionava-se a desenvolver o melhor que podia, corresponder a essa nova dinâmica, que achava aliciante.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Relacionara-se com todo o pessoal e em breve dominava todas as fases dos serviços, assim como as respectivas secções. O seu dinamismo estava disponível e quase diariamente o novo gestor o convocava, para esclarecimento de determinadas questões, na maioria orçamentais.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por vezes o esclarecimento deixava este admirado e o interlocutor não o ficava menos, porque acabava de saber os muitos erros de gestão que, saltavam à vista. Por vezes ficava a sensação de várias corruptelas de gerentes anteriores, assuntos que estavam a ser minuciosamente revistos e alterados.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A empresa imprimia trabalhos de toda ordem, era fábrica de cartas de jogar e tinha secção de impressão em folhas de flandres, talvez o motivo de existir ainda.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O último associado, que tentava o dinamismo, tinha entrado porque proprietário e liderava uma fábrica de embalagens de lata de vários tipos, destinados a clientes, para esse fim necessitava de mandar imprimir a folha no exterior. Razão porque já era cliente da “Viúva” e daí procurar salvar a empresa, adquirindo a maior quota o que dava o domínio.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Em pouco o João Moisés, pelo pouco que conhecia de gestão empresarial e pelo quadro que lhe sendo dado observar, começava a ter muitas dúvidas, sobre a viabilidade da empresa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Embora dissesse não gostar de lutar por causa perdidas, ia trabalhando com denodo, estava a acreditar um pouco na nova gestão, cujo titular competência e afabilidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os vendedores, que traziam trabalhos de envergadura para orçamentar, logo desataram a apresentar escusas e a desandar, porque nenhuma das propostas era aceite.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Do assunto resultara reunião com João Moisés, que fizera os orçamentos baseado nas capacidades dos formatos das máquinas, que o respectivo parque apresentava. Previamente foi referido não ter sido posta em causa a capacidade de orçamento, no entanto eram necessárias elações. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Afinal o assunto era muito simples, face a outros dados até então só na posse do gestor, era a já sabida, a empresa não tinha capacidade para determinadas obras.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um exemplo concreto foi posto em equação, tratava-se de uma pequena revista semanal de histórias aos quadradinhos, havia o conhecimento de que um orçamento de outra empresa concorrente, por metade do preço. O João Moisés conhecendo o meio logo disse em iguais circunstâncias de maquinaria a “Viúva” podia fazer melhor preço em virtude de dispor de mão-de-obra mais barata.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aventados os porquês, concluiu-se que afinal, não seria possível laborar ali obras de envergadura.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Passou a então a rever-se todos os orçamentos de trabalhos. Por se executarem periodicamente, havendo apenas a necessidade de ir às prateleiras dos arquivos e com os fotolitos existentes, imprimir de novo, renovando o stock do cliente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tudo revisto, orçamentos novos, feitos como se a obra entrasse pela primeira vez, apresentados por João Moisés à gerência, este com a sua habitual timidez, reafirmou não lhe terem sido fornecidos outros elementos, que não os que ele próprio reunira, pelo que não podia ser responsabilizado, por qualquer lacuna. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por um convénio existente entre os industriais gráficos, os fotolitos e montagens ficavam propriedade da fábrica.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Recebeu logo apoio ouvindo: de erro devem enformar todos!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Desejava-se ver isso mesmo! Verificava-se haver casos em que o cliente estava a pagar obras a metade do preço e parcela por parcela, o novo seria o bem executado e o mais actual, embora a gerência contasse com margem de manobra, para negociar custos, como também fora afirmado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Fica um exemplo, a empresa familiar dos pudins Mikau, estava a mandar imprimir embalagens de cartão para o seu produto, incluindo também o trabalho de cartonagem a custo, de cinquenta por cento inferior do valor real. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por ser a encomenda mais recorrente e dada a amizade que existia, traduzida em pagamentos adiantados amiudadamente. Porém havia a necessidade de tomar atitude, lá estava a margem de preço para negociar, mais a existência de fotolitos e montagem.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Naquele caso, acabou por funcionar e o problema ficou bem resolvido.</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin: 6px 0px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-8701446046687529202018-02-09T03:28:00.000-08:002018-02-09T03:28:04.656-08:00NOITES DO RESTELO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" data-ft="{"tn":"H"}" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit;">
<div style="font-family: inherit; position: relative;">
<div class="_5cq3" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit; position: relative;">
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</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_g" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 6px 0px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="426" src="https://scontent.flis9-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/27657904_10208172057538972_8370871187462020463_n.jpg?oh=260e4e6ad2cda336114fc02de77dec66&oe=5B0F51C3" width="640" /></div>
<div style="margin: 6px 0px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-large;">NOITES DO RESTELO</b></div>
<div style="margin: 6px 0px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 6px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sem se desconcertar e porque não podia estar em descanso, deu início a uma nova tarefa. Teria apenas a duração de um mês.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi apresentada e dourada, como de chefia, cargo que podia condizer com o perfil de João Moisés, mas decididamente não, logo não podia ser assumido na plenitude. No entanto a dedicação ao que havia a fazer, em qualquer circunstância, era uma faceta da sua personalidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os tempos eram agora muito difíceis, até porque João Moisés havia subido a um patamar social de certo nível, muito para além do próprio meio, onde agora se movimentava, não obstante as mutações observadas, enquanto procurava nova integração.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No princípio dos anos setenta, constatava-se não haver falta de trabalho indiferenciado, mas sim lacunas de qualificações e evoluções geradas por esta. Várias vezes foi ouvido:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Não nos serve, queremos alguém sem qualquer qualificação e como hoje os bons lugares estavam reservados a clientelas políticas, cujos dotes estão apenas num cartão de filiado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No tempo dos afilhados podia só saber pensar, mas eram afilhados!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Porém, uma vivência rica pode ser feita de experiências, mas aconteceu que, no mês quatro de setenta, chegou ao trabalho numa empresa que dava pelo nome de Centro Técnico de Desinfecções. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O cargo era mesmo de chefia, o que dava direito a carro para condução própria de trabalho e recolha de outros empregados, a qualquer hora do dia ou da noite, assim como para transportar os materiais necessários para executar tarefas exteriores.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não havia qualquer horário de trabalho específico, podia acabar-se um ás quatro da manhã, vinha-se para casa e logo ás onze um telefonema do escritório e… lá estava outro serviço.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A entrada processou-se num dia de chuva miúda, de tal modo que o campo de visão era restrito. O começo iniciou-se com algumas instruções do própria patrão sobre a carrinha “Citroen” que, cabia a João Moisés conduzir.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Deu como resultado, talvez também por falha nos travões, embater num autocarro da Carris estacionado, cujo não sofreu danos, porém a carrinha ficou um pouco amolgada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O trabalho do dia ficou por aí, mas à noite a casa a chamada: Havia que efectuar a limpeza e desinfecção de todas as instalações de um afamado restaurante de Cascais.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O serviço foi executado de madrugada e até nem correu mal para início. Culminou com uma mesa cheia de boas gambas, para todo o pessoal da desinfestação. Alguns colegas eram alheios ao trabalho, mas fingiram bem, pois tinham sido convocados, por causa do costumado “banquete” e como prémio da empresa prestadora daqueles serviços, a que pertenciam de facto, mas noutro ramo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A seguir, calhou uma operação interessante, a desinfecção de um grande casarão nas arribas da praia de S. Bernardino, perto de Peniche. Tinha sido mandado construir havia pouco, por uma senhora americana.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Criadagem havia para quase todas as dependências e era bastante visível.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A vagem foi feita no “ Mercedes” do próprio patrão, que comandou o que não seria necessário, mas terá aproveitado para viajar até à vila piscatória de Peniche onde, terminado o trabalho houve o almoço, com a lógica liquidação pela firma.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Contratações, eram diárias, por vezes de dia e à noite, para o caso de restaurantes ou hotéis. Alguns destes eram conhecidos de João Moisés, que ficava com a estranha sensação que se os clientes conhecer as unidades, na acalmia da noite, ficariam enojados de terem feito ali qualquer repasto.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O engraçado é nunca se ter feito a desinfecção em tascas e mesmo assim!... Baratas eram tantas, nem se sabia onde havia espaço para se esconderem da luz do dia, tanta bicharada!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Certa madrugada, bem de madrugada, depois de um serviço de desinfecção a duo, conduzindo a carrinha, deixou o colega em casa, em Valejas e apanhado a auto-estrada de Cascais, por volta da bifurcação para Benfica, chegou a fraqueza em forma de leve sono, que passou ao lado, mas suscitou susto.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Deu para ficar desperto, até finalmente descansar por quanto tempo?</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não haverá vivências: O homem é que as faz. Decididamente, a ocupação era engraçada, pondo de parte aquilo, a que se achava ser exploração laboral, para posto de observação era óptimo, mas como as ambições estavam noutro lado, por elas continuava a lutar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Certo dia a convocação chegou, para a limpeza dos insectos de um hotel de Sagres, estadia de três dias no mesmo, para o que se havia de ir preparando. Trabalho de noite, durante o dia descanso, com algumas idas à praia e a observação como a indústria de turismo ia chegando a todo o Algarve.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Estávamos ainda em 1970, deu-se a viagem no “Mercedes”, do patrão, com este a mostrar a excelência duma condução feita num daqueles caros topo de gama e a estadia, mais uma vez era adoptada por este, tanto mais que desta vez era de conta do hotel.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os dois empregados ficaram instalados nos quartos de dormir destinados a motoristas particulares, eram óptimos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Para as refeições foi destinada sala própria, sendo o serviço igual ao de todos os funcionários de cozinha. Havia sido destinado um rapaz dos seus quinze anos, a servir tudo o desejado, disse ser destacado e para receber todas as ordens nesse sentido.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés, já se instalara em diversos hotéis, porém um tão eficaz atendimento de restauração nunca tinha conhecido.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O trabalho só se processava à noite, porque para ser diurno, teria de haver interrupção dos serviços a prestar ali.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Chegou a vez de se fazer uma desinfecção a uma pousada a uma pousada no litoral alentejano, após trabalho nocturno, um serviço e uma experiência também interessante.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na volta para Lisboa, o almoço processou-se num restaurante de Santiago do Cacém.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Afinal quem comandava, nunca tinha sido João Moisés e o colega, antes da liquidação, informou ser usual mandar fazer factura com uma quantia mais elevada, ficando o suplemento a distribuir pelos comensais intervenientes.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A firma pagava após serem apresentadas contas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois, o que andava a ser equacionado passou-se naturalmente. Não tinha decorrido trinta dias e era apresentada a renúncia. A patroa a comandar a retaguarda, no escritório, mostrou zanga, o patrão mostrou o seu indesmentível bom relacionamento e afirmou:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Apesar de ver em si, sempre bom funcionário, observando-o e reparei que este tipo de trabalho estava longe das suas aptidões e justas aspirações, razão porque não lhe cheguei a entregar a chefia como o pretendido e para a qual o havia contratado.</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin: 6px 0px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-28763994026002985702018-02-09T03:11:00.002-08:002018-02-09T03:11:37.345-08:00UMA GRÁFICA E O CLERO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="480" src="https://scontent.flis9-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/27540235_10208156085939692_2320570834094049138_n.jpg?oh=6f9bdf6ce2ed47d3235f94741b59183f&oe=5B24C807" width="640" /></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b>UMA GRÁFICA E O CLERO</b></span></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="background-color: white; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Numa empresa, com pretensões a tornar-se moderna tornava-se urgente tomar outros caminhos, mesmo vivendo num regime fascista, cuja propaganda oficial, lhe chamava Estado Novo. Não podia ser dominada por uma sociedade clerical do tempo, como se verificava.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Demais na indústria gráfica, o sector da sociedade, onde maior evolução se notava. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés observava que ali ao invés do que era corrente, em conversas mesmo que não fossem de trabalho, referia-se o administrador, como o Senhor Director… o Senhor Doutor e por aí fora. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mundo estranho aquele!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Bem se pode saber que o edifício ainda era habitação de freiras, eram tratadas por irmãs, uma chefiava a encadernação, outra a loja de paramentos, santinhos, hóstias, secção de pessoal dirigida por um sacerdote, etc.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Jornal Novidades, que reflectia as tendências do Patriarcado, tinha ali a sua sede e era dirigida das mesmas instalações por um eclesiástico, monsenhor Moreira das Neves.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A revista Flama, do mesmo grupo sedeada ao virar da esquina, na Rua Rodrigues Sampaio, executada também na União Gráfica e dirigida por António Reis, é que parecia querer trilhar caminhos mais modernos, os próprios trabalhadores, onde se contava o desenhador Manuel Vieira que, fora autor o boneco Zip Ziz, do célebre programa de televisão do mesmo nome, a dar mostras de anti religiosidade, mostravam um certo distanciamento, relativamente ao que dissesse respeito à casa mãe.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O mal menor seria a presença de elementos afectos à Opus Dei, mas esses estariam mais virados a inovações, de que uma grande gráfica havia de trilhar por força.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tal como sempre, pelo menos depois de Gutenberg, o meio gráfico tinha de se posicionar, como a principal alavanca de progresso e elevação da sociedades.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tentativas feitas para elevar a empresa eram letra morta, à partida estavam marcadas para uma espécie de selo de insucesso, redundavam assim em retrocesso.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Definitivamente, o Patriarcado tinha colocado ali os anti corpos, os pequenos poderes constituídos pelos afilhados, como o eram por exemplo, ex seminaristas. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Grande parte dos clientes vinha do clero o que à época não ajudaria. Recorda-se o pároco da freguesia das Mercês, em Lisboa, o padre Marques Soares que, sendo fervoroso do culto de Santa Teresinha ali implantado, editava e dirigia uma publicação periódica, denominada precisamente Rosas de Santa Teresinha, que mandava executar na empresa da Rua de Santa Marta.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Da mesma constava uma secção de correspondência, normalmente eram cartas vindas do Portugal de Angola, naturalmente de gente colocada em missões. Delas faziam parte relatos de milagres, nascidos de factos tão comezinhos que, podiam mesmo nem ter lugar na categoria de incríveis, porque se baseavam em pequenas incidências diárias.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Só por si, o facto não traria grande admiração a João Moisés, que até já tinha passado por Angola e sabia como seria fácil um envelhecido missionário, isolado dum mundo em desenvolvimento, retroceder no foro intelectual, no entanto as respostas elaboradas pelo pároco das Mercês de Lisboa, constituíam uma coisa incrível, nem poderia haver já qualquer entidade celestial, que não tivesse o poder de perdoar tamanho atraso mental ou retrocesso, mesmo se visto com um olhar místico.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Coisas que não podiam agradar à mentalidade de João Moisés, que achando por muitas razões, não merecer que as divindades o tivessem conduzido àquele mundo, que não reflectia nem de longe o seu tempo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A alimentação do ego situava-se na procura de futuras soluções, onde os seus conhecimentos deviam esvoaçar com melhor aproveitamento.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por vezes também chegavam clientes representadas por pessoas causticadas com tanta mesquinhez, que vinham prontas para a dureza, como a Maria João Aguiar, ao serviço do Donas de Casa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>À índole pessoal rebelde, por natureza, acumulavam-se factores de desagrado. Encaminhada para João Moisés, desabafou e acalmou.. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Assuntos resolvidos!... Acabou por tornar-se um prazer interagir com alguém do tempo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ainda pior chegou depois: Entrou-se na administração de um padre, monsenhor Assis, um homem forte e meio anafado. Estaria ali uma solução para a elevação da empresa?</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Decididamente, nem pensar, tinha entrado mais retrocesso, talvez obra de demónio. Já se manifestavam os “reizinhos”, com quem promovia reuniões, no próprio passeio da rua, mesmo em frente da janela do departamento, os desabafos eram uma constante e finalmente estavam a ser recuperados velhos privilégios, com os inerentes poderes pessoais.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Monsenhor Assis tomara um poder principal, o de humilhar os de maior qualificação, com a ideia concebida de despedimentos, naturalmente investia primeiro contra os mais novos do quadro.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Feitas sondagens a respeito, uma irmã diria sem rodeio: não diga que veio ganhar mais de cinco contos?</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era a chefe da loja, ficou deduzido que seria a cifra do seu próprio salário!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Com alguns vindos do Dafundo, era a ideia de refrescar a empresa, estava uma boa amiga. Abordada, ficara conhecida a apreensão que grassava naquela gente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Definitivamente a chegada do clérigo, transformado em director, funcionava como a encarnação de um demónio. Coisas estranhas de um velho mundo!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pouco tempo passou e João Moisés foi chamado ao serviço do pessoal, deu-se o que pensava, no fundo já o esperava!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Ordem de despedimento!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi depois encaminhado a um senhor padre, este começou por dar conselhos, relativos ao despedimento, devia ser o psicólogo da turma!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Como estava a tratar, com quem se considerava da época! Este nada satisfeito pelo seu despedimento, tinha de partir para outra e era só no que pensava, no momento, abortou a abordagem da maneira seguinte:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por favor, é melhor poupar retóricas, tudo será solucionado!... Jamais desejarei ver clérigos na minha frente, Deus acaba de perder um devoto!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nos pagamentos, uma outra freira, o dinheiro em cofre devia ser pouco, a irmão bonita como a apelidavam, era-o e diziam as línguas más, na clandestinidade teria um amante, fazia o seu papel de adiar o procedimento de pagar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Que nada, se podem fazer despedimentos, logo devem prestar contas!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- A veemência terá tido o efeito de fazer encolher a contabilista e João Moisés foi satisfeito.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entretanto, tendo já passado pela grande provação, saiu!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<br />
<div style="background-color: white; display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-40183952458832058562018-02-05T05:29:00.003-08:002018-02-05T05:29:41.377-08:00RUA DE SANTA MARTA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="516" src="https://scontent.flis9-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/27752424_10208150948651263_1905283468658990114_n.jpg?oh=1b64b6314ead4c507780d96139df8446&oe=5B17A118" width="640" /></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b>RUA DE SANTA MARTA</b></span></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="background-color: white; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A dezanove do mês terceiro do ano de setenta, do simbólico e certa maneira marcado, pelo cumprimento dum sonho antigo, sem elevada dose de convencimento, o João Moisés deu entrada ao trabalho de uma grande empresa, instalada em enorme casarão, da artéria de Lisboa, paralela à Avenida da Liberdade, do lado nascente e à direita de quem sobe, a RUA DE Santa Marta.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O nome tina uma certa antiguidade e laborava para todo o Portugal de Aquém e Além - Mar em África, razão porque era invejavelmente popularizado, até porque estava na onda clerical, conhecida em todas as paróquias, o que fazia irradiar um ar de reverência que, se bem verificado, a firma estava a ficar muito desactualizada e fora de caminhos tendentes ao progresso empresarial.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Vejamos: Administrativamente, pretendia chegar a essa modernidade, o que só podia ser alcançado com sangue novo, em toda a linha, o que procurava com Administrador e Director Comercial, mais secção de publicidade, tudo novidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Continuavam, contudo os reinados com “reizinhos” e freiras a deter o comando em sectores, onde por atrasados no tempo, ou por puro boicote a novas directivas ultrapassavam-nas, ao serviço de interesses mesquinhos e pessoais, de há muito instalados, fazendo ruir toda e qualquer ordem de progresso, inerentes a uma empresa de vanguarda como pretendia ser e o que anunciava na insistente publicidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Assim inexoravelmente, com a inovação a chegar, o colosso empresarial afundava-se mais, com os custos das então novas tecnologias a tornarem a viabilidade enganosa, como o eram as campanhas de publicidade que, em conjunto iam tendo lugar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Logo no dia de apresentação, João Moisés imediatamente observou o logro em que tinha caído, pois aceitara um insistente convite.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não tinha de se arrepender, ponderar apenas!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tinha tomado a opção errada ao aceitar o convite de pessoas, que conheciam bem as boas condições em que trabalhava e não obstante!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Decididamente, a União Gráfica não poderia oferecer o que tentava preparar em vão.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De um moderno gabinete, saltara para uma espécie de vão de escada, da cadeira rotativa passara a trabalhar de pé, de poder visionar qualquer obra ao vivo, em qualquer fase de execução no próprio local, por onde tivesse de passar, tinha de se limitar a ser informado por um telefone interno.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Simplesmente, era-lhe vedado o trabalho oficinal, o que dificultava o acompanhamento, tal como conviria aos executantes e era sabida a habilidade para sonegar as informações necessárias, a fornecer aos clientes, afinal o motor da existência da fábrica, para quem nem havia respeito.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Com estruturas estabelecidas em velhas rotinas, o boicote era a condição oficinal numa sociedade onde a reivindicação era proibida e que só o estatismo podia ser notado, como poder de força invisível.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pois bem!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O caminho tinha sido tomado, serviria de asas para novos voos!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Imediatamente, se iniciaram medidas para novo salto. A força de vontade, o poder negocial, algum talento e até a juventude ajudariam!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Em vão, os dias passavam, verificava-se que os tempos eram outros. A integração fez-se, como se tudo se apresentasse correcto. Houve depois também a previsível melhoria de instalações, embora sempre deficientes e o interesse em conhecer mais, aquele estranho mundo gráfico, acentuou-se com o desejo de crescente preparação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Agora, já havia instalações, de certo modo, dignas para receber e atender clientes, logo na entrada do edifício e enquanto seguia a procura de um novo rumo, efectuava-se a adaptação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aquele era mesmo um espaço diferente, os clientes diferentes, não se repetiam, mas no fundo gostavam do bom acolhimento, tal como fora sempre aprendido pelo João Moisés, pareciam agradados!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Podiam detectar-se duas espécies de trabalhadores, os mais antigos a procurar a situação de ruptura, face à tentativa de modernização, eram os coitados! </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E outros, que se mostravam agradados de ver gente a indiciar nova era.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Verificava-se algum rejuvenescimento, havia já um interessante “lobie” constituído por elementos vindos do Dafundo, a abarcar diversos sectores, que procurava fazer evolucionar o sistema. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entretanto, começava o serviço de relações públicas a trazer alguma satisfação e interesse, e recordavam a João Moisés, o modo como gostava de ver o universo do trabalho gráfico.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Bastantes obras estavam a passar pelo departamento, inclusivamente algumas de carácter menos ortodoxo, religiosamente falando e olhado a Senhora Dona Censura, já que a gráfica era de pertença e inspiração católica e ali evolucionava, em missão de trabalho, um alto censor de nomeação estatal, para questões da Fé.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Trazer impressa, o que era de lei, a origem da União Gráfica seria a garantia perante o público, que podia descansar por não cometer algum sacrilégio, mergulhando em leituras menos comuns.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Acompanhando variados trabalhos, é grata a recordação de um livro editado pela Câmara Municipal de Sesimbra, com o planeamento da edição a cargo do seu autor, Rafael Monteiro.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O livro ficou com a designação: “A VERDADE Sobre os Limites dos Concelhos de SESIMBRA, ALMADA E SEIXAL”. Rafael Monteiro seria um funcionário, assim a modos, que avulso… fazia muitas coisas, apresentava-se modesto por natureza e sem pretensões qual asceta culto. Seria remunerado à tarefa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Dedicava-se muito à investigação arqueológica, levando a cabo várias escavações em sítios, como o do Mosteiro da Arrábida.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era também muito interessado no estudo do esoterismo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tornou-se um bom amigo, confiante em quem, internamente, acompanhava a execução da obra, João Moisés.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Já este tinha sido obrigado a deixar a União Gráfica e… finalmente, o livro saiu!...</b></span></div>
<br />
<div style="background-color: white; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Dedicatória:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- O livro “esperado” e gralhado… Agradece a colaboração “Técnica”, lamentando que não fosse até final”</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>(Assinatura – Rafael Monteiro)</b></span></div>
<br />
<div style="background-color: white; display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-71911518025561678642018-02-04T00:17:00.003-08:002018-02-04T00:17:37.914-08:00BERTRAND - IMPRIMARTE<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" data-ft="{"tn":"H"}" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
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<div style="font-family: inherit; position: relative;">
<div class="" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit;">
<a ajaxify="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10208143038333510&set=a.1004536653502.455.1827457790&type=3&size=425%2C640&source=13&player_origin=story_view" class="_4-eo _2t9n _50z9" data-ft="{"tn":"E"}" data-ploi="https://scontent.flis9-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/27459764_10208143038333510_5577740317827596944_n.jpg?oh=fd1d4269b1387c5a91a4eb45e787c479&oe=5AE721A4" data-render-location="permalink" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10208143038333510&set=a.1004536653502.455.1827457790&type=3" rel="theater" style="box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.05) 0px 1px 1px; color: #365899; cursor: pointer; display: block; font-family: inherit; position: relative; text-decoration: none; width: 476px;"></a></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_g" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." src="https://scontent.flis9-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/27459764_10208143038333510_5577740317827596944_n.jpg?oh=fd1d4269b1387c5a91a4eb45e787c479&oe=5AE721A4" /></div>
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b>BERTRAND – IMPRIMARTE</b></span></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 6px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A grande empresa gráfica do Dafundo, estava a entrar em processo de reorganização, com um administrador brasileiro e um Director comercial cubano, vindos do país irmãos, para vender a mesma, o que se tornava notório.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Assistia-se ao impensável, pelo menos no que tocava à impressão de livro, o editor que tinha aceite um orçamento para uma unidade, recebia um emissário do sector de vendas, com proposta para a transformar para quatro unidades Como ficaria mais em conta e depois de muito instado aceitava.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ao tratar da obra nos CONTACTOS, comentava o efeito de que não percebera os fins, tanto mais que, teria argumentado o não ter ainda novo original para outra edição. Acontecia isso frequentemente, o editor mostrar ali a estranheza.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Já se vê que o emissário de vendas também era beneficiado, com as comissões a chegarem no mês seguinte, bastava o orçamento ter sido aceite, nem que a obra não viesse a conhecer efectivação, o que seria natural acontecer.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Que se conhecesse, um editor falido aproveitou e mandou imprimir quatro livros, nunca terá liquidado, porque entretanto teve de acabar de vez, a actividade, mas o homem de vendas tinha recebido a compensação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tratava-se de operação fraudulenta, destinada a enfatizar a carteira de obras, a ser exibida às empresas interessadas a entrar no negócio. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Num Domingo, realizou-se um almoço de confraternização num afamado restaurante da periferia de Sintra, só destinado a gente em exercício de chefias ou equivalente, até porque a bandeirada era elevada para a época, o relevante custo de 40$00.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Comparecerem os detentores dos mais elevados cargos, alguns vindos do Brasil em regime de comissão de serviço e partiu desses a verdadeira loucura em que terminou o almoço, com um jarrão de vinho a passar por todos, de mão em mão, com um acima abaixo e bebe.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Resultou em vários pró embriagamentos, o tecto decorado com várias réstias de cebolas e outros produtos imperecíveis, esvaziou-se, com as orgias que se seguiram.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na Segunda-Feira seguinte uma mulher secretária de quem pagou, foi de secção em secção, apresentar a conto suplementar, a quantia de mais 20$00, o valor de um bom almoço na época.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No fim do ano, na secção de encadernação, houve festa geral com garrafas de champanhe e bolos. O discurso fácil do administrador brasileiro, não se fez esperar visando os muitos que se iam demitindo, para formar uma empresa concorrente, enquanto pintava de cores negras, a gerência que se formava.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Gerara-se nova fraude, tentava-se o funcionamento de relações públicas internas, para que não se desse a insinuações que sendo certas, eram contrárias aos objectivos traçados.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Agora os CONTACTOS deixaram de ser, como que uma pequena empresa a actuar dentro de uma grande e ficara reduzida a dois elementos, acoplados à Secção de Programação. Os outros elementos, sem conhecerem ainda uma previsível situação de despedimento, eram transferidos para tarefas bonitas, mas a que já se apelidava de prateleira.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Deixaram de lhe atribuir o característico dinamismo com que se distinguia, que era o de representar internamente, os interesses dos clientes, afinal o que, comercialmente motivava o objectivo a fábrica.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mesmo assim, a desenhadora e maquetista do projecto, pretendia desviar a feitura de um livro, encomendado por um departamento estatal. Funcionara, decerto o aceno de uma melhor comissão para o desvio!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Com as muitas vicissitudes, o atraso era evidente, tendo em conta o que constava do próprio orçamento de contrato, porém a feitura da obra chegara à encadernação, o mesmo que dizer, à fase de acabamento.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés, acumulara o acompanhamento dos trabalhos do sector estatal e fora convocado para uma magna reunião, a propósito, no respectivo departamento, incluía maquetista, representante da empresa gráfica e o próprio Secretário de Estado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Cabia ao acompanhante interno da obra, fazer-se representante da empresa. Aconteceu assim e com oportunidade, começou de imediato a tratar do melindroso assunto. Dirigiu-se ao chefe da encadernação e com o habitual, mesmo necessário, poder de relações públicas e pondo-o ao corrente da situação, obteve deste a garantia de lhe ser proporcionada a execução completa de um livro, para apresentação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mesa redonda e eis que aparece o único livro executado, o bastante para o Senhor Secretário de Estado de Estado a presidir, desse por finda a reunião, visto estar concluída a obra.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A maquetista teve a resposta devida e nem queria acreditar, exibindo sempre o seu olhar trocista, desconfiado e de soslaio. Devia contar haver pessoas que levavam muito a sério os seus deveres, em todas as circunstâncias, como aconteceu.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Desta vez não lhe valeram os trunfos de mulher nova, matadora e espampanante, numa floresta de machos latinos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Perdeu!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Agora tinha acabado a Bertrand & Irmãos, do grupo brasileiro Celsa, que já a havia transaccionado com a americana ITT.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Dera lugar à Imprimarte, ficara com o mesmo nome e ficou na mesma direcção das Páginas Amarelas, as listas telefónicas que já executava,</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Já não se verificavam as mesmas condições de trabalho, tudo mudara!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés, vendo a publicidade, que no caso se tornava enganosa, aceitou um convite, também eivado dos enganos e das deslealdades do mudo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Demitiu-se, indo para essa empresa concorrente, antes que chegasse a hora da previsível ordem de despedimento.</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin: 6px 0px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-62992403972466552292018-01-29T06:16:00.000-08:002018-01-29T06:16:00.896-08:00BRANCO E NEGRO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_t" style="background-color: white; line-height: 1.38; margin-top: 6px;">
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="480" src="https://scontent.flis9-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/27545003_10208111581707114_1302363683494077902_n.jpg?oh=f584a6daf840c9c7d86b12523ad00f5a&oe=5B20D9A4" width="640" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="480" src="https://scontent.flis9-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/27337232_10208111587707264_13500595845073442_n.jpg?oh=2b32a9279b6a9c4406cdad296d2d99c1&oe=5AEE2FB3" width="640" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>O humor do Vilhena</i></span></div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;">BRANCO E NEGRO</span></div>
<div style="font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Dafundo, como local de trabalho, continuava o máximo e o permanente optimismo irradiado por João Moisés era contagiante, capaz de ultrapassar todas as barreiras, que se deparam em qualquer ocupação laboral. Bem vistas as coisa apareciam muitas, que sempre iam sendo sanadas pessoalmente, com um certo jeito de negociação e o dever de cumprir bem o que prometera ao cliente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No fundo, tratava-se da necessidade de atentar nos prazos, já que a mercadoria não saia de prateleiras, tinha de ser construída em várias etapas a serem ratificadas pelos clientes. Para além da fabricação havia o pressuposto de que cada obra tinha uma componente artística, que não podia ser ignorada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Para isso, tinha sido criada a secção dos CONTACTOS, a funcionar também como a primeira linha crítica.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No caso dos livros, havia as primeiras provas a partir de granéis de composição tipográfica, pelo que existia uma sala cheia de linotypes de serviço, com os seus operadores, a funcionar por turnos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois das provas revistas, outros especialistas formavam as páginas, para nova revisão.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Só então vinha a imposição, ou seja a formação dos cadernos em chumbo para a impressão tipográfica em papel, por máquinas próprias com o seu operador experimentado e especializado. </b></span></div>
<br />
<div style="font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Contava sempre com sempre com um ajudante, que estaria a fazer o seu estágio, para mais tarde também ele vir a ser oficial.</b></span></div>
<div style="font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Para chegar á impressão, uma última revisão, era feita por revisores da própria empresa, para que tudo saísse certo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Quando as tiragens atingiam números mais elevados, imprimiam-se as páginas em papel “couché”, o mesmo era fotografado e depois feita a montagem das películas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Das mesmas faziam-se cópias em ozalide, formando o livro virtual para a aprovação do cliente, passando pelo filtro do respectivo elemento do CONTACTO.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>As revistas, executadas nos mesmos moldes, por serem periódicos havia maior aceleração. Deslocava-se ali algum responsável pela edição, por qualquer falha da gráfica ou da própria editora, para maior eficácia e rapidez.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Atento aos perfis humanos, começou por atentar nas visitas do editor da “Branco e Negro”, o José Vilhena, o próprio titular da empresa, que indiciava um pouco da personalidade do seu criador.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ainda por cima, com o Estado Novo em actividade, mal entrava no gabinete e sem conhecer ainda bem a pessoa, que o passara a atender, referia-se a qualquer estrutura administrativa, mesmo que fosse estatal e que englobasse o senhor António de Oliveira Salazar, como “aqueles tipos”, sempre de maneira sarcástica.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Devia ser um anarquista de primeira apanha!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- E se encontrasse ali, um informador da PIDE?</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nem pensar nisso era bom, a acontecer não seria inédito, também não lhe traria saúde, porque era assíduo “cliente” de Caxias, “refúgio” onde escrevia os seus livros mensais de bolso, para um público fiel, que os comprava via correio.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Deve ter-se dado uma empatia e na secção de CONTACTOS, o Vilhena era sempre bem recebido, homem de aspecto vigoroso, impecavelmente trajado, porém circunspecto.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sabendo o que queria, tratava de assuntos importantes, como se parecesse uma criança grande, dizia o estritamente necessário, a que não seria alheio o seu permanente contencioso com o poder instituído.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Como encontrava simpatia, também sabia estar à altura e sempre correspondeu.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Invariavelmente deslocava-se ao Dafundo para tratar de assuntos relacionados com a feitura dos seus livros e passou a confiar a João Moisés, no seu jogo do gato e do gato, com a Censura até à última hora, do armazém onde eram entregues os livros, nada podia constar nem imaginar,</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Chegava a indicação de pronta a obra e apenas nessa altura era comunicado ao chefe da expedição, onde devia ser feita a entrega.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A “Branco e Negro" fazia distribuição por algumas livrarias, e de imediato os exemplares eram apreendidos!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os restantes estavam algures a ser enviados aos indefectíveis compradores, já com os mesmos pagos adiantadamente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De seguida a autor e editor, ia uns dias para a prisão política de Caxias e era movida investigação:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Onde estariam os muitos exemplares?</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na Bertrand & Irmãos, já se conhecia bem do assunto e os risinhos nunca se faziam esperar, porque chegava sempre a abordagem.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Normalmente a Censura, na sua usual estupidez, convocava o respectivo chefe de produção, que obviamente, não curava dum assunto a que podia passar sem dar importância. Tinha-se produzido o trabalho e lavava as mãos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um dia, depois de ser ouvido na comissão, este chamou João Moisés ao seu gabinete e deu-lhe a notícia, de que Censura estatal, depois do interrogatório inconclusivo, como sempre, planeava confrontá-lo, que se preparasse!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Juntamente com um sorriso ouviu logo:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Nem sei de nada!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- É isso afinal que tens para dizer – coitado de ti, nada sabes!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Logicamente, não houve mais comentários, nem mais indagações.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>À data José Vilhena, com o fim de desviar os seus trabalhos da Censura, que não passavam de sensualmente políticos, viraram para os de tema religião, mas: Dos três departamentos superiores, um tratava da religião!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De qualquer maneira o Vilhena era tido da secção, como um grande ponto, até pela sua finura. As instalações da editora, eram de requinte digno de nota.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Como gostava de boas mulheres, só tinha empregadas, novas e esculturais. O soalho da casa era alcatifado, com música em gravador espalhado na própria. Um primor de bom gosto em suma!</b></span></div>
<br />
<div style="font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os livros e postais da sua autoria, sempre de cariz sensual, tinham fama. Um dia um chefe de secção veio aos CONTACTOS e com certo jeito, insinuou a condição de João Moisés tratar muito com o autor, Dizendo ao que ia, se lhe pedisse, ele podia enviar uns livros para a malta.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Este duvidando, apresentou o pedido. E não é que o mesmo foi bem aceite?</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Passados dias, chegaram dois embrulhos, com a recomendação:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Este é para si, o outro para os seus amigos!...</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-36858809888053746782018-01-26T12:41:00.000-08:002018-01-29T05:59:12.324-08:00DEZOITO DE MARÇO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="640" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26907832_10208095430863353_2599340873436259200_n.jpg?oh=16422c96f8594a8b9c195c74c5235934&oe=5ADBEB7D" width="462" /><img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="478" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26992478_10208095431903379_2556864460985785474_n.jpg?oh=b64814fa02cd7394be6fb9922103001a&oe=5ADBDFDE" style="background-color: transparent; text-align: left;" width="640" /></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-large;">DEZOITO DE MARÇO</b></div>
<div style="background-color: white; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red;"><b><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A empresa concessionária das listas telefónicas, detentora das Paginas Amarelas, a Celsa, do mesmo grupo da Bertrand & Irmãos, estava a enviar, diariamente, um grupo de pessoal a uma jornada guiada à impressora, afim de visitar e observar todas as instalações num curso, a que viria a chamar de reciclagem, visto que ficariam a entender melhor os mecanismos de fabrico, em livro, do muito trabalho de preparação dos anúncios e de toda a organização do mesmo.</span></b></span></div>
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b></b></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A acção, como devia ser apoiada pela secção de CONTACTOS, por força teria de ser ali, ou mesmo superiormente equacionada. Não aconteceu e na primeira visita, sem a formalização de qualquer aviso, foi tomado o rumo certo pelo grupo, de que resultou a mobilização de João Moisés, sempre com disponibilidade para entrar em acção.</b></span></div>
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>
<div style="text-align: justify;">
Aconteceu que no dia seguinte, tudo se manteve, João Moisés pelas quatro da manhã teve a felicidade de ser pai e… Chegou mais tarde.</div>
<div style="text-align: justify;">
Das chefias nada de resoluções, passar a manhã na missão de cicerone até era agradável, mas havia outras responsabilidades, que tinham de ficar adiadas e ali estava um outro grupo à espera que, sabendo do feliz acontecimento começou por: em coro apresentar, felicitações.</div>
<div style="text-align: justify;">
Resultou, sem tempo de ver o que havia de novo, ter de iniciar o dia mostrando, sector a sector, toda a fábrica gráfica.</div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns dias, durou aquele trabalho, sem dúvida interessante, porém devia ser distribuído por todos os colegas, já que era de mais valia profissional, ou por isso mesmo, tornava-se didáctico, para toda a secção que liderava os CONTACTOS laborais exteriores da empresa, no fundo tratava-se de relações públicas.</div>
<div style="text-align: justify;">
O dia terá sido de facto, o dia mais marcante na vida de João Moisés, o inesquecível dezoito de Março de mil novecentos e sessenta e nove, ainda nesse espaço de apenas vinte e quatro horas, o vendedor que estabelecia os contratos com editoras, tinha em mãos a negociação de vários, com a conhecida empresa Selecções do Reader’s Digest, com uma reunião marcada com o administrador.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não achou melhor do que apresentar o elemento, que acompanharia as obras. </div>
<div style="text-align: justify;">
Apareceu à tarde no seu “Triunf” desportivo e descapotável, a sua imagem de marca, a comunicar o assunto a ser tratado de imediato.</div>
<div style="text-align: justify;">
Começou por haver recusa, foi apresentado o motivo, mas era importante para a empresa e não ouve outro paliativo que não a aquiescência.</div>
<div style="text-align: justify;">
O dia era de chuva torrencial, o resto da tarde acabou por ser preenchido com a magna reunião e acabaria com a concretização do importante negócio, que competia ao titular de vendas.</div>
<div style="text-align: justify;">
No dia seguinte, soube que precisamente no dia dezoito a revista “Plateia” impressa na casa, saiu com duas fotografias suas, com o colega de gabinete e Vitoriano Rosa.</div>
<div style="text-align: justify;">
O porquê conta-se a seguir:</div>
<div style="text-align: justify;">
- A Agência Portuguesa de Revistas, editora da “Plateia” aniversariava nos jardins do então famoso restaurante Quinta de S. Vicente, em Telheiras para onde, além de todos os empregados da empresa, muitos colaboradores exteriores da editora, tinham sido convidados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Á secção de CONTACTOS da Bertrand & Irmãos chegaram dois, um era destinado ao António Alcaráraz, o outro ao chefe Fernando Sobreiro. Este não podia estar presente e delegou a agradável “tarefa” a João Moisés, já que era o substituto daquele, quando necessário, no acompanhamento da revista que semanalmente era impressa no Dafundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Funcionando como anfitrião da festa, Vitoriano Rosa, na prática o verdadeiro Director, já que o amigo, Major Baptista Rosa, sócio da Agência, figurando na ficha técnica, entregara ao jornalista amigo, toda a condução da mesma.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nessa qualidade, acercou-se chamou o fotógrafo de serviço, mandou disparar o”flash” e saíram os documentos, a inserir na reportagem da festa.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Comentário de António Alcaráz: </div>
<div style="text-align: justify;">
- O Vitoriano é muito amigo, mostrou-o suficientemente, mas não haverá espaço, na reportagem para comportar este registo!…</div>
<div style="text-align: justify;">
- Queres apostar?</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, realmente as fotos saíram bem visíveis, no número da “Plateia” desse dia.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Colega de gabinete e amigo António Alcaráz, por fazer parte dos soldados dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, constantemente recebia chamadas para ajudar a socorrer casos de catástrofe na cidade, pelo que era forçoso ser substituído, por João Moisés, nos vários trabalhos que tinha em mãos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ocorreu várias vezes à Sexta-Feira de tarde, de ter de desempenhar a habitual tarefa, de em última hora, passar pela Comissão de Censura, em S. Pedro de Alcântara, com uma simples página semanal da revista “Plateia”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tratava-se de uma crónica critica de rádio, que um colaborador externo entregava, por regra, naquele dia da semana, por ser final de cada edição, para estar nas bancas todas as Terças-Feiras.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nunca havia complicações naquele departamento, mas a censura prévia obrigava a esse procedimento, o trabalho continuava, porém a prova, essa ficava sempre arquivada, com o visto azul do lápis de algum censor de serviço.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, nunca isso passou dum ritual, tanto mais que o Major Baptista Rosa, figurava como Director, o que era uma garantia, para que tudo corresse bem. Mas a prova tinha de ser lida antes, porque a censura prévia estava instituída.</div>
<div style="text-align: justify;">
O ritual dessas visitas da Sextas-Feiras cabia, por contrato, aos serviços da empresa impressora, devido a ser mesmo um serviço de última hora, dado que se evitavam perdas de espaço temporal, entregando a prova nos escritórios da Agência Portuguesa de Revistas, como acontecia noutros casos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Embora este procedimentos, pertencessem aos editores, as casas impressoras estavam cientes dos problemas que podiam enfrentar com a Comissão de Censura, se algo corresse mal e que aquele reino achasse por bem intervir.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ilustra-se com um caso ocorrido. Determinado cliente mandou executar uma gravura, crê-se que maldosamente, a mesma entrou na respectiva oficina, apenas o chefe ao verificar o original, viu o desenho muito bem feito, mas considerado pornográfico, o que poderia ocasionar sarilho.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi chamado e admoestado o responsável pela encomenda e de imediato recusado o trabalho.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ter muitas encomendas era óptimo, mas sarilhos com a douta Comissão de Censura?... </div>
<div style="text-align: justify;">
Abrenúncio!...</div>
</b></span><br />
<div style="background-color: white; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="background-color: white; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-78999691855304430742018-01-25T19:52:00.002-08:002018-01-25T19:52:56.810-08:00O MUNDO EDITORIAL<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_a" style="background-color: white; line-height: 1.38; margin-top: 6px;">
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="433" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/27331929_10208091486804754_317602318750301663_n.jpg?oh=699daeed415e7c553167a9f20804dd84&oe=5B1DE4D0" width="640" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-large;">O MUNDO EDITORIAL</b></div>
<div style="font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Afinal o paraíso parecia estar no Dafundo, visto pelo positivismo, havia coisas engraçadas, como a referência africana ao gabinete, que um colega desfrutava, por vezes depois de uma troca de impressões atirava:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- “Bem tenho de ir até à minha sanzala”!... Efeitos de também ter feito a sua comissão militar em terras de Angola!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era a zona dos CONTACTOS onde diariamente se recebiam clientes, alguns de grande nomeada, pois apesar do serviço poder fazer deslocações ao encontro desses, é de crer que a própria estrutura da empresa os fascinasse, a ponto de quererem ser eles próprios a estabelecer canais de comunicação pessoal, respeitante aos seus trabalhos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por vezes havia outras razões, até as que se prendia com a Censura Estatal, sempre omnipresente em todo o mundo que fosse sítio, tanto mais onde se poderia passar ao papel propagadas contrárias ao regime vigente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não vivida, mas sabida de um companheiro. Fora abjudicada à empresa uma obra em livro que depois de editada, seria lançada no Estádio da Luz, por ocasião de um importante desafio de futebol. No dia aprazado não foi possível a entrega, aventaram-se as desculpas esfarrapadas costumeiras, adaptadas ás circunstâncias, no caso.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na Segunda-Feira seguinte veio a saber-se, na clandestinidade, dos mesmos originais fornecidos Bertrand & Irmãos, apareceu o livro à venda durante esse jogo. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O caso, depois veio a ser entregue à polícia judiciária que, munida de mandatos, passou revista a casas de funcionários da empresa. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sendo assunto recente, mas passado antes da entrada de João Moisés, para este funcionou apenas como interessante, a existência de nobreza daquela ocupação era feita de outras causas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era recorrente a visita, à média de duas vezes por semana, por um trio de Administradores e Editores da Palirex, que quando eram avistados, muitas vezes alguém dizia: Tens aí os Índios para tratar!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De facto um destes desenvolvia os assuntos como se estivesse a negociar mercadoria de ferro velho, era o encarregado de gerir a contabilidade, o outro desenhador alinhava muito com o contabilista. O terceiro era verdadeiramente escritor e jornalista, o que tutelava mais a parte editorial, era o Roussado Pinto, que lhe passou a dedicar uma verdadeira amizade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Com essa editora veio a acontecer algo de lastimável. Estava-se na era dos saquinhos de cromos, que viriam a preencher cadernetas, cujas completas, davam direito a um brinde. No caso, era composto de uma bola do futebol profissional, pois tratava-se de fotografias a cores de jogadores de clubes, que iam entrar na Taça dos Campeões Europeus, onde se contava a do Sport Lisboa e Benfica.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Eram muitos os cromos e as entregas feitas por partes, já que se compunham de várias folhas de 70 x 100 cm, com a necessidade de muitas horas de guilhotina, para separa todas as efígies dos jogadores, que iam entrar em acção.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Certo dia, um dos motoristas ao dirigir-se a entregar uma tranche de cromos, teve um desastre mortal e como consequência, além da sua trágica morte, os coloridos papelinhos espalharam-se por toda a via.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Caro que a empresa tinha seguro a cobrir riscos desses. O assunto era do foro contencioso, mas o contabilista vislumbrando a oportunidade de fazer grande fortuna, reivindicava insistentemente junto de João Moisés ser indemnizado de todo o material, pelo preço que venderia nas livrarias, ao invés do custo de fabrico que lhe assistia por direito.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O acompanhamento da obra acabou por se tornar demasiado complicado, com esse lance.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Departamento de contencioso, acabou por, tratar do infeliz caso, como lhe competia.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Outra empresa de razoável dimensão, que por ali passou, designava-se Editorial Aster, editando além de outros, bastantes livros didácticos. Terá sido aquela, que mais ficou na retina por muitos motivos, não só por acompanhamento de trabalhos, mas porque fora deles perduraram amizades pessoais.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Houve a feitura de um livro escolar, “Ciências da Natureza”, por três autores, Capitão Mascarenhas Barreto, Dr. Perry Vidal e Dr. Barrilaro Ruas. O livro, como muitas vezes acontecia naqueles tempos, ia sendo concebido aos poucos, até que apareceu a obra impressa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Além deles e daquela importante realização, de que Aster era editora, e um importante cliente, pelo que foram tratados relevantes trabalhos, recebidos outros eventuais colaboradores e empregados, além do próprio Administrador. Este apareceu por diversas vezes, a verificar itens talvez mais sofisticados, como a obtenção de prazos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Merece destaque especial, Selecções da Reader’s Digest, um outro dos melhores clientes, em toda a linha, que teve sempre trabalhos em andamento, obras de grande envergadura.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A maior lembrança era a conhecida, por todo o país, Livraria Popular de Francisco Franco, da Rua Barros Queirós, por se dedicar à venda e distribuição de material escolar. João Moisés trabalhos algumas vezes com Carlos Mota, um herdeiro, por casamento, de Francisco Franco, com a particularidade de ser filho do Dr. Góis Mota, um Presidente do Sporting Clube de Portugal, que teve o privilégio de dar o arranque, com o lançamento da primeira pedra, ao primitivo ao Estádio de José de Alvalade. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No ano de 1968, apareceu um colega com um cartão, pelo qual havia desembolsado a quantia de quinhentos escudos. Tinha entrado num jogo de “pirâmide", pelo que desejava passar o bilhete para outras mãos a todo o custo. No fundo já estava arrependido da aquisição, embora o objectivo fosse o negócio.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O João Moisés entrara em jogos do género, mas implicavam apenas a aquisição de alguns postais ilustrados, até sabia que era interdito, por lei, mas isso era no fundo um passatempo engraçado, mas “brincar” com notas de quinhentos paus?</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na década de sessenta era elevado e caro, a negativa foi o caminho natural, para o seu espírito de mau comprador.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A entidade patronal seria sempre algo de inesquecível. Pertencer a um grupo daquela envergadura e as condições achadas, continuavam a ser coisa de um outro mundo, muito desejado!</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-88811957926437840672018-01-22T01:15:00.003-08:002018-01-22T01:18:23.247-08:00DAFUNDO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_7" style="background-color: white; line-height: 1.38; margin-top: 6px;">
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="298" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26992317_10208067765851745_2536716049442647787_n.jpg?oh=b8c0b2be6f74695fc21028d9ceaeefdd&oe=5AE66F98" width="640" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26904604_10208067768251805_8507071482116974533_n.jpg?oh=53314773961f9b253b6951b7c77e076b&oe=5AE72DDC" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: x-large;"><b>NO DAFUNDO</b></span></div>
<div style="font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Num dia de Junho de 1968, depois de vários testes, João Moisés conheceu o inolvidável privilégio de entrar a trabalhar na empresa gráfica BERTRANDO & IRMÃOS, nas instalações do Dafundo. A mesma tinha Sede em Lisboa na Travessa da Condessa do Rio, na freguesia de Santa Catarina, onde teve toda a sua actividade durante bastantes anos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Ter pouco mais de três anos de preparação no seio de uma empresa essencialmente de zincogravuras e logo ser colocado num departamento administrativo comercial do mundo gráfico, como uma fábrica da dimensão daquela, talvez a maior do género do país, com secções de tudo o que àquela arte diziam respeito, podia ser considerado um grande feito, por quem tinha ainda havia tão pouco tinha deixado de ser trabalhador estudante, objectivamente para se valorizar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Ainda por cima teve de provar a um examinador credenciado estar apto para o cargo!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Era também uma oportunidade, para conhecimentos mais profundos e para prosseguir a veia policial, que lhe estava consubstanciada na alma.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Foi-lhe atribuído um gabinete que passou a partilhar com um outro colega, numa estrutura composta por um director comercial, o Dr. Brás Monteiro, um chefe de secção com a sua sala própria, para receber clientes mais sofisticados, ou para tratar de assuntos normalmente complicados, mais dois colegas na sua própria sala e uma estrutura, com secretariado de apoio, de que faziam parte uma jovem senhora e um paquete.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Depois havia os chamados serviços comerciais, compostos por homens de vendas, com a sua carteira própria, também secretariados, que ficaram sempre no que se designava Sede em Lisboa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Só aqui estava já uma grande estrutura, depois havia toda a produção no Dafundo. A Direcção tinha no comando o Dr. Manuel Metello, proveniente da empresa Celsa, concessionária das listas telefónicas, que só a BERTRAND & IRMÃOS teria capacidade de executar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A referida firma de origem brasileira, adquirira a gráfica, cuja produção se propunha expandir para o estrangeiro, contando já com um elemento da Hungria, a viajar por vários países.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>No fundo, João Moisés parecia ter um mundo para trabalhar, tudo começou duma forma aliciante, nem ele mesmo, alguma vez ousara sonhar com tão boas condições, tanto mais que em breve tinha conquistado o apreço de todos, não só com quem tinha de relacionar-se por inerência, mas também com outros, pelo menos os do se nível, pois eram esses os interlocutores naquele trabalho, que visava estabelecer a ponte entre o cliente e as chefias das secções, por onde passava cada obra.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O núcleo já apontado, tomara por essa razão o sugestivo nome de CONTACTOS e tinha de ser por ali que passavam todas as obras a executar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Nos dois gabinetes, aos quatros cabiam outros tantos pelouros em separado; trabalhos provenientes de editoras de livros, de revistas, de agencias de publicidade e do estado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Tudo corria bem a João Moisés pois calhara-lhe no sector de livros, o que mais gostava, tinha sido um feliz acaso.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Mal tinha ocupado aquele trabalho e logo se deu em Lisboa, na Feira Internacional, à Junqueira, a FILGRÁFICA um grande certame internacional de Artes Gráficas, a que a empresa BERRAND & IRMÃOS, como grande empresa que era, tal como se afirmara no panorama nacional e tentando expandir-se internacionalmente, não se podia alhear.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Concorreu com o seu Pavilhão e nele dispunha de uma equipa, composta de uma senhora que agenciara, um homem de vendas e outro dos CONTACTOS, a dupla comercial era revezada diariamente, como era óbvio.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Logo num dos primeiros dias, foi a vez do João Moisés a quem calhou, como companheiro o Rodrigo (que veio a revelar-se fadista de nomeada), teve a oportunidade de ouvir bastante das suas aventuras, ficando a conhecer logo a sua fascinante personalidade humanística.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Seguiram-se inúmeros e variados trabalhos, como facilmente se pode calcular: Uma das entidades que primeiro chegou com obras ao cuidado de João Moisés foi Selecções do Reader’s Digest. Manuel Bertrand, um dos Directores de vendas, veio-lhe apresentar João Bruno, da produção daquela empresa. Seguiram outras como Palirex, a Íbis, a Meridiano, a Aster, a Francisco Franco, a Férin, a Início, a Galeria Panorama, a Branco e Negro e outras, quase todas desaparecidas na voragem dos tempos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Muita gente de nomeada foi conhecida ali e não obstante os anos passados, alguns amigos do tempo perduram, não só colegas de trabalho, como propriamente outros que representavam clientes.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>As boas memórias, os livros autografados, obras interessantes manuseadas e guardadas, são testemunho importante de como chegou a disfrutar de um ambiente de trabalho de excepção.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Embora a administração tenha criado condições sociais invulgares para os operários, como por exemplo a duplicação de subsídio para os filhos, aqueles tinham sempre de, na portaria mostrar as pastas, que normalmente serviam para transportar a refeição, ou roupas apropriadas para a laboração.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Sobre trabalhos e evolução dos mesmos, reparos haveria a fazer, porque naquele ano de 1968, entravam ali operários a mais e mesmo assim, faziam-se muitas horas extraordinárias, que tinham de se considerar fora de necessidade, o que já era recorrente no meio gráfico. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Os próprios chefes pactuavam com a situação, porque estando isentos de horário, abandonavam funções a horas laborais certas, senão mesmo antes, sem nunca curarem de deixar alguém responsável, nem cobravam a ineficácia, no dia seguinte. Parecia agradar-lhe a situação, que na maioria dos casos funcionaria, como dado adquirido.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Quem trabalhava, de perto com os clientes sofria com tal desiderato, queixar-se seria perda de tempo, porque parecia descurar-se a manutenção do posto de trabalho, mesmo naquele tempo, ao invés de o estar a transformar mais próprio para um asilado. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O que devia ser considerado um meio altamente social a preservar, por todos os meios, como o deve observar-se em qualquer empresa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Apesar de tudo, continuava a correr de feição no sector administrativo intermédio.</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-2723990259187671772018-01-17T23:37:00.002-08:002018-01-17T23:37:49.916-08:00RUA DO SÉCULO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_9" style="line-height: 1.38; margin-top: 6px;">
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="424" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26804603_10208043971976913_4532449027784603397_n.jpg?oh=063a685d7583013e6089567152aaa62b&oe=5AFBE569" width="640" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="424" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26734373_10208043963776708_2275832988281584691_n.jpg?oh=b592cbbf605c60a6cfda971fbf6f75e7&oe=5AF93C45" width="640" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-large;">RUA DO SÉCULO</b></div>
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Apesar de tudo, o João Moisés mostrando, em muitas ocasiões o seu desagrado, foi descendo a longa artéria a que o Século, jornal de boas recordações, deu nome.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Enquanto ia respondendo a anúncios de emprego, em que se especializara outro matutino, o Diário de Notícias, que já saíra do Bairro Alto, deixando também a grandeza do seu título a denominar a respectiva Rua.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Uma vez que também agora havia uma acalmia no trabalho, talvez em virtude de as obras em tipografia, estarem aos poucos a declinar, por causa do avanço do offset, que dispensava zincogravuras e ainda porque o jornal A Capital, se foi instalar em edifício próprio, constituindo oficina, as horas extra deixaram de existir. Por outro lado o João já não tinha de perder tempo com ideias namoradeiras, tratou de cumprir um velho sonho, ter uma segunda ocupação, aquilo que se denominava um biscate.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Seguindo a sua intuição, tornou-se agente de seguros de vida, para uma companhia estrangeira. Tendo conseguido algum êxito, depressa passou a receber informações respeitantes a possíveis segurados, para trabalhar, do que ia tirando resultados, porque havia regular formação específica e sendo caso disso chegava-se a um acompanhamento por peritos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Com a evolução produtiva, o responsável do núcleo tinha autonomia de fazer subir ao escalão do interessante factor comissões, afinal o sistema de remunerações, o que era estimulante. Estava a ser atractiva a actividade, por proporcionar mais contactos e a entrada num outro mundo sociológico.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No seguimento desse campo de acção, deu-se início a um novo tipo promocional, o de convites, para a presença em jantares com os próprios administradores, onde se podiam, em conversas, versar todos os assuntos e também seguros de vida. Normalmente terminava-se num “Pub”, onde uma bebida era o culminar de uma agradável sensação do dever cumprido.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pode-se concluir um grupo de pessoas de profissões distintas, assim como de interesses pessoais diversificados. Num desses encontros um elemento mostrou cultivar o estudo da personagem, pela leitura das linhas da palma da mão.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Fazia-o apenas na perspectiva do entretenimento, João Moisés, afinal só acreditando no positivo mental, nunca deixava escapar qualquer ocasião que se lhe deparasse entrar na área do exotérico, dando a mão ao estudo do colega, teve a “revelação” de que trilhava um caminho de sucesso mas, nesse campo, as respostas a questões eram sempre inconclusivas, pelo que achou esse mas, a palavra adequada, para um final certo da conversa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não sendo crente, nem de longe das teorias, como cartomancia ou outras leituras, signos, etc. todas estavam no seu rol de bruxedos, nunca deixava de observar, nesse sentido, tudo o que lhe viesse estivesse à mão, como por exemplo o pesar-se naquelas balanças, que se encontravam das estações de comboios ou do metropolitano. Davam o peso de cada individuo, julgo que impresso no momento, num cartãozinho, rectangular com a efígie de um artista de cinema, em voga, no mesmo aparecia pré impressa uma sina, que mesmo sabendo-se aleatória, lhe merecia um estudo cuidado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tudo isto era visto com uma ideia contrária, tal como considerava o negativismo como uma vertente da fragilidade humana.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Todos estes pormenores traziam motivação superior, como se pretendia. Efectivamente os tempos livres eram preenchidos com anotações em fichas e outros impressos, que podiam vir a interessar na conversão de novos segurados.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Havia trabalho em permanência, como visitas aprazadas ou não, em horário pós laboral, inclusivamente em dias de Domingo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Uma dessas saídas, para vários encontros, deu-se na Amadora e depois em Queluz, sendo regresso a casa feito a pé mais uma vez recordando e vivendo a ainda recente travessia pela Calçada do Monte.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Fora feita a longa viagem, sem custos entre Queluz e Benfica, depois de uma tarde bem preenchida, procurando a situação posicional de alguns arruamentos das duas vizinhas localidades de Lisboa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O jornal A Capital, talvez positiva e prevista a evolução, deixou a Rua do Século, as zincogravuras para o mesmo passaram executadas em oficinas próprias, mas tinha chegado à facturação um trabalho acrescido, com a designação de Imposto de Transacções.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na verdade, o então novo I. T. poder ser mencionado pelas letras do princípio, só por si era uma inovação, porque no tempo de Estado Novo, as abreviaturas eram tidas como perigos, dado que podiam muito bem ser iniciais de palavras “subversivas”.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés ia ficando por dentro do processamento do novo imposto. Na verdade o mesmo parecia uma aterradora nulidade, porque bastava entrar um impresso timbrado da firma e a guia de remessa do material expedido, levava apenas a menção do número atribuído ao contribuinte.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pressupunha-se que o pagamento seria atribuído à firma que distribuía o produto acabado, mas sempre ficava a impressão de que o número na guia, depois na factura mensal, servia falcatruas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Desde que o Martinho era o novo caixa, apesar de bom amigo, algo conjugado com os últimos acontecimentos lhe segredava que o Sertório, pelo contrário, não podia ser colega merecedor de confiança.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O desconfortável da situação, em conjunto com a notável irrequietude e desejo de voltar a subir na carreira, uma vez que podia acrescentar ao curriculum a valorização dos conhecimentos no tratamento do novo imposto, levava-o a idealizar novo emprego.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O patrão Francisco Bento, continuava a demonstrar-lhe grande estima, ao ponto de o levar a visitar o que viriam a ser as novas dependências do escritório, no que pensava interessante para o empregado de confiança.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Até gostou, tendo em conta ser o mesmo edifício, a antiga capela das Mercês que o proprietário, talvez a coberto de albergar uma esquadra de polícia, ia fazendo melhoramentos sem o risco de um credenciado arquitecto. Transformando-a na maravilha citadina dos mamarrachos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Teria entrada na Rua do Século, onde ainda por alguns anos funcionou o grupo que editava o jornal que lhe dera nome.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mesmo gostando do que lhe era dado ver e ficando eternamente grato ao senhor Bento, pensava consigo não chegar a trabalhar aí, o que aconteceu na realidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Iniciou logo em Maio as curtas férias a que tinha direito e foram essas, que lhe deram o ansiado tempo de ponderação e procura de novo trabalho.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Logo no mês seguinte, deixando ao seu sucessor, todos os assuntos na devida ordem, para o que trabalhou até ao último minuto, podendo ficar assim com gratas recordações e dizer adeus à longa Travessa das Mercês e ao mesmo edifício onde existiu a capela que, possivelmente lhe terá dado o nome.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-39298916887113676692018-01-16T23:52:00.002-08:002018-01-16T23:52:45.603-08:00PARAÍSO DE BENFICA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_j" style="background-color: white; line-height: 1.38; margin-top: 6px;">
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="640" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26814701_10208038007427803_8004077003576721300_n.jpg?oh=db3bef956eccd0d9cc955d89c44066d3&oe=5AE550E8" width="446" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="355" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26814895_10208038006307775_3638252702005537806_n.jpg?oh=e7095c2221065d34449c10a6da04601e&oe=5AE18940" width="640" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-large;">O PARAÍSO DE BENFICA</b></div>
<div style="font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Depois de João Moisés encontrar as condições económicas de entrar num clube mais avançado, o dos casados, que desde miúdo pensava ser o paraíso do Planeta Terra, o supremo eterno do mundo, visto que era o início de uma vida comum a dois, que mais tarde seria alargada e a dar-se uma separação só por interferência da irmã morte poderia acontecer.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Para o cumprimento perante Deus e os homens, a famosa igreja das Mercês sob o ministério do coadjutor do velho pároco, o Padre Marques Soares, deu-se a cerimónia religiosa do enlace.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Depois do longo, grandioso e tido como inevitável “buffet”, o casal viu-se, finalmente, a sós pela primeira vez.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Depois do transcendente acontecimento, a morada passou a ser nova, não muito longe do saudoso Café Paraíso de Benfica, talvez o mais antigo do Bairro e o último, do género, da Lisboa antiga.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Era bom presságio, para início de uma nova vida, tanto mais que se estava ali a desenvolver uma outra Lisboa, com um grande aglomerado de casas, tendo como base a Avenida do Uruguai e a então Estrada Poço do Chão, incluindo o que se veio depois a baptizar por Praça Artur Portela.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Acontece que a capital desse tempo, com a sua intrínseca grandeza, era em tudo uma sombra, a ponto de mesmo um faustoso lance matrimonial, não dar direito a mais de oito dias de férias, findas as quais João Moisés compareceu, obviamente, ao dever do serviço, não sem antes lhe vir à lembrança os tempos do Bairro da Graça, Aquela histórica casa onde deixou de viver e conviver, sobretudo do aparelho de telefone que a equipava.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Era composto por um mealheiro onde entrando, sob pressão, uma daquelas moedas de alpaca do valor de cinquenta centavos funcionava.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O sistema tinha a ver com a movimentação da casa e porque a economia do tempo obrigava a que fosse garantido o pagamento por quem utilizasse o serviço. No entanto em Benfica dispunha do seu telefone sem o incómodo do dispositivo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Acabaram as caminhadas da Graça até ao posto de trabalho. Dali em diante, o paraíso de Benfica tornou-se, à ida para o escritório, ponto de partida para os muitos carros de tracção eléctrica que então serviam a freguesia, em acelerado povoamento. Como se isso não bastasse, relativamente perto desenvolvia-se a Brandoa na clandestinidade, cujos habitantes também ficavam sujeitos aquela estação para alancar o trabalho.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A azáfama de apanhar transportes, por toda a gente, começava logo pelas sete da manhã e as ruas que desembocavam próximo da igreja, onde quase na frente existia a estação e se iniciava a partida transformam-se, em verdadeiros formigueiros humanos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Não podia dizer-se que faltavam meios, o que havia era já muita gente dependente deles, que dispunham apenas de uma via, a Estrada de Benfica, que começava na Avenida Duque D’Ávila, junto ao Governo Militar de Lisboa, acabando nas Portas, onde se inicia a Avenida Elias Garcia, já fora da cidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Começava então de manhã a verdadeira aventura de chegar ao trabalho, à hora nona ou antes, cuja abertura também fazia parte das obrigações de João Moisés.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Logo no primeiro Inverno, por sinal rigoroso, naturalmente por imperativos camarários, ou outros, uma vala foi aberta por toda a Estrada, então era ver carros eléctricos a preencher toda a via, em vários quilómetros de distância até à estação do metropolitano em Sete Rios, onde muitos mudavam de rota, para a baixa da cidade, por meio daquele rápido meio de transporte.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Os transportes eléctricos, uns iam da estação de Benfica à Praça do Chile, para outros só terminava a linha na Praça Duque da Terceira, vulgo Cais do Sodré. Era neste últimos que, diariamente viajava João Moisés, verdadeira aventura!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Embarcava na origem até ao apeadeiro do Príncipe Real, depois descia a pé toda a Rua do Século, onde na última, imediatamente à Esquerda, iniciava o seu dia laboral.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Recordando, em síntese, a comprida e aventurosa viagem diária num daqueles carros movidos a electricidade, por carris. de ferro, convém não deixar em claro a tentativa de reconstituição da sua rota:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>- Partia da estação, seguia em linha recta, com volta por uma quinta abandonada, onde se encontra o Centro Comercial Fonte Nova, até Sete Rios, aí fazia a curva á direita, continuando pela Estrada de Benfica, passava ao Instituto de Oncologia em Palhavã, Praça de Espanha, junto aos jardins da Gulbenkian, atravessava a Duque D’Ávila e andava à volta de três partes do edifício do Quartel do Governo Militar de Lisboa, voltando à mesma Avenida, que percorria até Campolide, depois rumava à esquerda, para fazer a Rua descendente até atravessar a Avenida Joaquim António de Águia, dando às Amoreiras, que descia até ao Largo do Rato, onde passava até voltar à Rua da Escola Politécnica.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Finalmente a paragem, a que muito boa gente chamava o Jardim da Patriarcal.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Depois com aparente calma, descia a pé, toda a Rua do Século.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Há!... O trabalho já estava também a desencantar João Moisés, porque entretanto, como tantas visitas, o Sertório acabou por reentrar com a aquiescência dele próprio, visto o rapaz já ter sentido na pele, a situação de despedido do trabalho, depois porque não deixaria de ser bom rapaz e viria a ser bom ajudante. Verificado depois o mau carácter do novo ajudante, além de lhe falar um mínimo de conhecimentos, que deveria ter adquirido durante o tempo que ali trabalhara. Era só jeitoso a criar outras formas de poder esgueirar-se ao serviço que lhe competia.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Apesar de já ter sido despedido compulsivamente, por interferência do Moura Jorge, depressa se conotou com este, contando com a insensata colaboração do cobrador, elemento com muito jeito para intriga.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Tudo programado, baseado no visível derriço da Inglesa, João Moisés depressa se apercebera ser o visado. Com base em denúncias forjadas. Da amizade do chefe de alguns anos, este passara também a tratar com ele apenas os indispensáveis assuntos de trabalho.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Naturalmente, também a mulher da Grã-Bretanha lhe dera a volta à cabeça, pelo que com um despedimento, com o valor da consequente indemnização viria a calhar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Assim aconteceu! Numa manhã, sem nada fazer prever uma tal iminência, o Moura Jorge deu em querer tirar esforço, dento do próprio escritório sob alguns olhares atónitos, do próprio João Moisés o que este, evidentemente, não consentiu. Dera-se quase simultaneamente a entrada do Guarda-Livros e sem qualquer consulta, sucedeu-se de imediato e desejado despedimento.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Podia ser considerado por justa causa, mas tudo ficou logo facilitado, foi atribuído em jeito de prémio, pelo acto de pura mesquinhez, uma quantia de vente e três mil escudos compensatórios, que à época podia considerar-se quantia elevada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>O gosto pelo trabalho, da parte de João Moisés não se alterou, embora lhe fosse logo atribuída a chefia, com a mesma remuneração, factor de evidente equação, mas de nenhum significado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Em todo o processo o novo chefe, nunca foi ouvido e considerou ter havido muito de trama, seguida de injustiça. A haver despedimentos, pelo menos três elementos deviam ter entrada no pacote: O Moura Jorge, o cobrador e o novo ajudante.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Alguém não deixou de considerar esses factores, nunca se conformando com eles, além de ter continuado a contar com o reconhecimento inequívoco do gerente principal, de imediato iniciou a tarefa de tentar mudar de entidade patronal, deixar aquele edifício, onde em tempos muito recuados, esteve implantada a Capela das Mercês, e que o seu proprietário, tão mal, o ia transformando aos poucos, sem qualquer conceito de ordem estética.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Teria sido a mesma que dera nome aquele grande arruamento do famoso Bairro Alto, designado por Travessa das Mercês.</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
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</div>
</div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-39795284396968248282018-01-15T05:25:00.002-08:002018-01-15T05:25:19.940-08:00SANTA ENGRAÇA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" data-ft="{"tn":"H"}" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit;">
<div style="font-family: inherit; position: relative;">
<div class="_5cq3" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit; position: relative;">
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</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_d" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="426" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26230445_10208027361761668_3558783719633347039_n.jpg?oh=fb546bd95ba4f72cf4a108239f16262f&oe=5AEBA39F" width="640" /></div>
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-large;">SANTA ENGRÁCIA</b></div>
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 6px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Bairro da Graça, na sua vetustez, pertence á freguesia de Santa Engrácia. Com outros limítrofes, formam um conjunto da Lisboa antiga, digna de ser visitada demoradamente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No Largo onde se formavam os carros eléctricos, um dava a volta partindo, para o Norte e outro para o Sul ambos, no se vai e vem, em jeito de circunferência por Campo de Ourique. Tinha sempre encontro marcado, em cruzamento, com partida daquele local, passando no Largo do Calhariz, que fica paralelo à Travessa das Mercês.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A caminho do trabalho, João Moisés sempre passava por ali, onde se formavam havia taxativamente muita gente a acotovelar-se, esperando a chegada de um veículo de transporte, depois uma interessante luta para entrar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Decididamente, após andar cerca de mil e quinhentos metros para chegar aquele ponto, achava mais prático e rápido descer a Calçado do Monte e fazer todo o trajecto locomovendo-se a pé até ao escritório, nos confins do Bairro Alto.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nesse trajecto atravessava todo o Rossio onde podia ver as letras luminosas do edifício de funcionamento de uma livraria de Diário de Notícias, no mesmo se projectavam essas a dar algumas notícias do dia. Uma espécie de Internet desses tempos. Já ouvira referenciar antes a notável cena.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Estava a morar numa casa onde, com um simples assomar à janela, usufruía a grande luxo de avistar o Tejo, mas a Graça continuou sempre a conter no seu perímetro muitos mais sítios do maior interesse, como o Museu da Água, na Rua do Alviela, à Calçada dos Barbadinhos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na freguesia vizinha de S. Vicente de Fora, fica a Igreja de Santa Engrácia do famoso Panteão Nacional. Na altura pelo facto da velha expressão, em certos casos de lentidão dizia-se muito: “É como as obras de Santa Engrácia”!... De facto a sua construção teve início em 1862, no lugar de uma antiga capela com a mesma designação e por vicissitudes várias, só terminou no ano de 1966.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Muito estará por realçar daquele outro centro de Lisboa, como o famoso Largo da Graça, situado numa das colinas da cidade com os seus com os seus naturais miradouros.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na altura e ainda por muito tempo funcionava ali o grande Quartel da Graça, perto do Miradouro do mesmo nome.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Começa aí a Calçada do Monte, mais propriamente uma rampa que leva à Mouraria, seguindo depois para a Baixa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aproximava-se o fim da morada naquela distinta zona, que tem também como vizinhança a velha Alfama, por via de um futuro casamento. Viver a dois, segundo a lei da Santa Madre Igreja e a tradição, era a maneira libertária de se poder viver com uma mulher e gerar filhos, com a aprovação dos deuses.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O frenesim da cartomancia e as pressões tentaram influenciar as escolhas. Jogavam-se boas indicações económicas efectivas ainda, com laços familiares, mas a Rosário tornara-se coisa séria, a levar até ao fim do mundo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O João Moisés cortara com todas as hipóteses, onde houvesse dúvidas sobre a “honra feminina”, uma condição que lhe era muito cara!... Usava-se!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Assunto arrumado, o pensamento continuava no trabalho e nas muitas incidências no seio do mesmo, sobretudo no que dizia respeito a gráficas, afinal o mundo que pensava ter merecido conhecer. Parecia estar ali a génese de toda a actividade humana, era no fundo aquele o princípio do desenvolvimento da comunicação de massas, que o homem sempre desejou.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Muitas acções laborais, sem o parecer, mereciam muita atenção de quem alimenta os seus íntimos pensamentos, que a outros podiam parecer inócuos. Pobres deles!... Podia pensar-se, se o tempo não fosse sempre o grande mestre.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Estava-se no tempo do partido único, corporizado na designação de Acção Nacional, donde emanava o Estado Novo, comandado pelo tal “lente”, senhor António de Oliveira Salazar, com olhos e ouvidos a envolver toda a sociedade, como o caso que se passou na Graça. O João Moisés encontrou casualmente um indivíduo que fora seu colega na tropa, o que mereceu a confraternização à roda de uma mesa de Café.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ao contrário do que era conhecido, numa demonstração provocatória, o antigo colega deu em representar de ébrio para o empregado que servia e sem que nada o fizesse prever, com ameaças de mau gosto, tirou do bolso e mostrou o seu cartão de informador da temível PIDE.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O revelado informador nunca mais foi encontrado, ficou a lição. Naturalmente o que interessava era incutir o medo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aconteciam muitos casos a indiciar o objectivo controle da polícia política, como o dos anúncios de jornal a promover o recrutamento de pessoas, que tivessem feito a vida militar, para as várias tarefas nas empresas e sobretudo nas universidades.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tinha-se iniciado uma forte emigração, onde funcionava muito a clandestinidade, tráfico a que muitos se dedicavam e que conviria ao governo de Salazar. Só alguns iam parar a prisões políticas. Era dado o sinal contrário através de denúncias.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era neste ambiente que passava uma certa corrupção, sempre em pequena escala. Afinal o chefe da oficina daquela empresa gráfica, além de inegável competência técnica, era altamente especializado em procurar alinhamentos por baixo, para melhor fazer o seu trabalho de controlo, o que lhe dava espaço para o seu “negócio” paralelo interno.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nem tudo chegava ao filtro investigador de João Moisés, muita acções levadas a efeito, como o afã de angariar trabalhos, nomeadamente de offset, sabendo que a firma não tinha a necessária dimensão para os executar, mas feitos externamente de certo que trariam boas comissões, tanto mais que chamava a si a orientação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A João Moisés cabia estabelecer todos os contactos e podia apurar, que os desenhadores de fora eram muitas vezes chamados a colaborar. Os clientes ouviam por tradição do grande chefe – “esses senhores debitam alto” – pelo que não sabia o que iria custar cada trabalho de desenho.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Filtrando também por ai, os respectivos artistas tinha de, à partida adicionar o custo de uma comissão destinada ao chefe, mesmo que a obra fosse de pequena dimensão.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Com todas as mais valias proporcionadas, por todos os bónus indevidos, nunca perdia ocasiões de afirmar que a entidade patronal não o remunerava consoante o seu valor técnico, porém a certa altura apresentou a demissão e de imediato foi vê-lo, à partida sem fortuna pessoal, a adquirir a sua própria empresa gráfica.</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin: 6px 0px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-48364038812152187982018-01-08T05:13:00.002-08:002018-01-08T05:13:19.186-08:00ARCO VOLTAICO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="476" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26219647_10207990036468559_194065421987463025_n.jpg?oh=e833e77a99e5fd0bb5b919ed5b9e3bcc&oe=5AF67530" width="640" /><br />
<div class="_3x-2" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit;">
<div class="_5cq3" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit; position: relative;">
<a ajaxify="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10207990036468559&set=a.1004536653502.455.1827457790&type=3&size=800%2C595&source=13&player_origin=story_view" class="_4-eo _2t9n" data-ploi="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26219647_10207990036468559_194065421987463025_n.jpg?oh=e833e77a99e5fd0bb5b919ed5b9e3bcc&oe=5AF67530" data-render-location="permalink" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10207990036468559&set=a.1004536653502.455.1827457790&type=3" rel="theater" style="box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.05) 0px 1px 1px; color: #365899; cursor: pointer; display: block; font-family: inherit; position: relative; text-decoration: none; width: 476px;"></a></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_t" style="background-color: white; font-style: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px 0px 6px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b>ARCO VOLTAICO</b></span></div>
</div>
<div style="margin: 0px 0px 6px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b><br /></b></span></div>
</div>
<div style="font-size: 14px; margin: 6px 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O artigo gramatical zincogravuras, à simplificação de um vasto mundo de linguagem, que veio a tornar-se acessível a João Moisés. Palavras como foto, correspondem a reprodução em zinco de uma fotografia e a zinco se o original for só traço; foto zinco se o mesmo desenho engloba os dois. Termos iniciáticos de um outro mundo, dentro de um universo de uma grande cidade, como Lisboa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Arco voltaico volta à ribalta, associando-se às novas tecnologias, mas na reprodução gráfica, pelo menos na gravura era indispensável, pois quando “fechado” por uns elementos, designados “carvões”, lançando uma luz muito intensa sobre as películas dos desenhos ou fotografias, acopladas à chapa de zinco, onde pela acção ficavam impressos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Embora houvesse muitas actividades laborais interessantes, por onde uma mente sempre ávida de sabedoria entrava num meio ideal para o efeito, havia outro mundo, o da actividade particular, que se tornara paralelo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A vida amorosa tinha de estar sempre em destaque, no entanto naquela casa, no meio de dezenas de pessoas, não existia nenhuma do sexo oposto para alegrar mais a vida, claro que João Moisés não de poder apelidar de gela corações, mas a sua juventude não concebia a ausência de comprometimento com alguma mulher.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mesmo em casa o amadorismo da cartomancia versaria muito esse tema, que depois acabada por ser aflorado na conversação., quando se procurava saber, em vão, como andavam os amores, com a estimulações destinadas a saber algo mais do pouco que se desvendava.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Estímulos, para quê? – Se os mesmos existiam sempre, a divulgação é que era considerada desnecessária.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mas era a certa altura de todos os rompimentos. Chegara-se a empregado de escritório, era o acesso a um patamar mais elevado socialmente, isto tinha de pesar muito no capítulo dos namoricos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Este pensamento inevitavelmente levado à prática deu como resultado, rompimentos e ao derriço com a Rosário.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De muitas policromias se foi construindo o ambiente, até chegar a uma situação em que a desfloração ainda estivesse reservada, o que mesmo nos anos sessenta, para certas idades, acabava sempre por ser tida como problemática. Só a partir daí foram procuradas outras qualidades de interesse.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>É facto que atravessava uma idade propícia de pensar em casamento e como empregado, tinha ascendido a uma posição para proceder a uma escolha com um olhar de futuro. O regresso ao fim do dia acabava por ser encarado com certa modéstia, por João Moisés, mesmo não deixando de haver alguma sobranceria. Ganhara ascendente como familiar, entre outros hóspedes que eram menos da casa, uma vez que se revelara pessoa de valia. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No próprio escritório da Travessa das Mercês, já tinha chegado à consideração de um dos gerentes, Chico Bento que procurava coordenar toda actividade, o outro Robert cuja entrada era sempre tardia, sentando-se de imediato numa banca de trabalho, que tivera o privilégio de escolher, sem se dar por ele, apesar do seu alto e anafado porte, só se deixando notar pela fumarada, saindo do sacramental cachimbo, que sempre usara como imagem de marca.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um dia João Moisés ao assistir a toda a bem concebida exposição de um novo cliente, fez o seguinte comentário, depois da sua retirada – “hum!... Este não me comprava os frangos”!... O trabalho teve execução, porém o pagamento acabou do esquecimento dos deuses!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Chico Bento que fixara aquela frase, tique de origem e muito próprio do funcionário, dali em diante, as conversações sobre a acreditação de nova alteração de ficheiro, passaram a ter o protagonismo deste, com “direito” a veredicto final a entrar em conta.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Chegara a um posicionamento tal, para o que não contribuíra, dada a natural modéstia, mas em que muitos eram culpados de erros, em toda a linha por onde tinha passado a obra, sempre acompanhada de boletim especificando a mesma, porém João Moisés granjeara tal ascendente, que nunca podia ter culpas perante o gerente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aconteceu um dia ter havido engano em todas as medidas para zincogravuras, vindas da encomenda de um cliente. Um novo produto a lançar no mercado e a ser publicitado por toda a comunicação social. Foi admitido pelo empregado de expediente de escritório, que o erro de medidas tivesse tido origem no boletim de entrada elaborado por ele.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não se deu novo tsunami em Lisboa, mas ia caindo o resto do Carmo e da Trindade, situados ali perto. Só fulanos de tal e tal podiam arcar com as culpas, pois mesmo que se estivesse passado algo de mal na entrada, eles tinha obrigação de notar o erro, já que desde sempre eram possuidores das medidas da mancha de cada periódico, pelo tamanho do respectivo grupo de colunas apalavradas, a preencher com aquela promoção.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foram revistados os locais, no escritório, onde havia a possibilidade de haver arquivado algum documento elucidativo, pois ali trabalhava-se com método. O resultado era o esperado, o lapso fora mesmo originado na entrada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Como não podia ser dito, ficou só a certeza e um interior acto de contrição a servir para evitar novos deslizes.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Acontece que o facto originou grande prejuízo e algum atraso. Tudo imprevistos, originando uma reunião entre gerentes das duas empresas, onde tudo foi sanado com a divisão de perdas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois disso, o gerente apresentou um velho amigo e cliente, este trazia apenas um pequeno original, destinado a mandar executar uma zincogravura a imprimir numa ampola para medicamento: Apesar da recomendação de ser único e muito importante e das inúmeras e constantes recomendações de Chico Bento: </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- “Um original destinado a executar uma gravação tem de ser sempre tratado como peça única”, o mesmo foi bem guardado, mas esquecido.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Só num sonho mais tarde, se fez luz sobre aquele assunto. Um lance, podia dizer-se providencial, por isso mesmo a causar natural estranheza!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Havia que tomar medidas, nada melhor do que pôr o gerente a par da situação, até porque tinha sido ele mesmo a recomendar o subordinado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A conversa tida, não obstante, foi cordial. Estava resolvido, tudo se passar perante o cliente, como se o amigo de nada pudesse saber.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ao telefone, o tratamento do assunto também acabou por correr bem, afinal arranjava-se um outro desenho, entrando o trabalho no circuito normal.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Este gerente, tinha de ser considerado um amigo, apesar do chefe de escritório só se lhe referir como “o carroceiro”, geria a empresa com uma maneira peculiar de tratar bem todos os assuntos respeitantes ao funcionamento da mesma.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um dia apareceram uns senhores, iam recomeçar um Jornal, que tinha já circulado com a denominação de “A CAPITAL”, um deles era Maurício de Oliveira, que dirigia a “Revista da Marinha”, que sendo impressa em tipografia, como a maior parte, senão todos os periódicos da época, era indefectível cliente daquela casa com entrada pela Travessa das Mercês, o João Moisés foi chamado à reunião, que acabou como se ali inesperadamente, tivesse chegado a sorte grande.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>“A CAPITAL” ia renascer na Rua do Século, com sede na frente do velho matutino. Ficava quase imediatamente ao virar da esquina, sendo impresso nas oficinas do saudoso “SÉCULO”.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por ser vespertino e de formato diferente, a nova unidade de comunicação da tarde, não fora considerada concorrente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Todas as zincogravuras eram executadas sob as ordens do apodado “carroceiro”, para o que havia de estar operacional, nem que tivesse que ser as vinte quatro horas do dia, se necessário, ficando sempre a funcionar como garante o responsável pelas entradas e saídas dos trabalhos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Isto originava muitas horas extras, por vezes não sobrava mais do que quinze minutos para a refeição. O mesmo se passava depois do horário convencional, a saída do escritório só acontecia depois de um telefonema para o Jornal, pois este pelo caudal de trabalho tornara-se uma parte relevante da laboração.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Há a notar a curiosidade do Bento, que não tinha hábitos de leitura, a partir de então, não desaproveitava qualquer oportunidade de avançar ser “A CAPITAL” o melhor diário em circulação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No meio dos operários, havia um trabalhador, ajudante embora não sendo muito novo, na secção de montagem das gravuras, que era filiado na “Legião Portuguesa”, uma unidade do “Estado Novo”.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era assim; aderiam muitos dos que ficavam livres da tropa, como era o caso, para ganhar direito à isenção de pagamento da taxa militar anual, existente na época.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De quando em vez, lá vinha o chamamento para estar presente numa parada. O homem apareceu algumas vezes vestido a rigor, com o seu fardamento castanho da praxe às apresentações periódicas na unidade, para o que a empresa era obrigada a dispensá-lo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Esse rapaz não passava de ajudante mas era sociável, a tal ponto que por vezes aguentava ditos sobre a filiação e o garbo que a farda lhe conferia. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A sua índole de vive e deixa viver, dava para servir em muitas circunstâncias, apesar de haver um funcionário de serviços externos para recolha de obras e posteriores entregas, surgiam telefonemas de solicitações de imediatismo e o patrão Bento logo se encarregava de chamar aquele empregado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Se fosse de tarde, era quase certo o mesmo tirar o tempo necessário, para passar num daqueles cinemas rascas de sessão contínua, normalmente o Olímpia da baixa de Lisboa, onde havia vários e assistir a uma exibição.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois, muito naturalmente, dando conta no escritório do trabalho que fora executar, entrava na secção na hora de fechar.</b></span></div>
</div>
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin: 6px 0px 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-51149209495136259482018-01-07T01:00:00.002-08:002018-01-07T01:00:31.907-08:00O MUNDO DAS FOTOGRAVURAS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit;">
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</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_u" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26168644_10207984670974425_7464532329952236382_n.jpg?oh=602e7b06afb700dee70330c1a793642b&oe=5AF910CC" /></div>
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b>O MUNDO DAS FOTOGRAVURAS</b></span></div>
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi sem qualquer preparação técnica, que João Moisés realizara o sonho de se tornar </b></span><b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">empregado de escritório.</b></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 6px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A certa altura deu consigo a controlar todo o expediente de entrada de originais, para a execução de zincogravuras e da saída das mesmas, depois de prontas as obras.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Uma ocupação interessantíssima, que o conduziria a conhecer todo o maravilhoso Mundo das Artes Gráficas, incluindo o dos próprios jornais, à altura a indústria dominante de todo o Bairro Alto.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Naquele meio estavam a passar-se lances interessantes, pelo menos para quem gostasse de ocorrências consideradas menos vulgares, dignas de serem seguidas com atenção, por ser ter dado ainda havia pouco o início de segunda metade do século XX, com um país real considerado de analfabetismo confrangedor, muito notado até no meio de oficinas onde se dava o florescimento da cultura.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ao tempo era nas gravuras que podiam começar os livros, assim como iniciativas conducentes à criação de muitas outras obras de impressão, como as grandes campanhas publicitárias criadas em Agências próprias, que depois as faziam distribuir por jornais e revistas, para atribuírem ao produto a necessária visibilidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Isso fazia parte, regra geral, da grande azáfama desenvolvida, o interessante eram as peripécias ocasionadas no dia a dia.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Começo, pelo chefe de escritório, tudo leva a crer que sofreria de uma doença muito em voga, a esquizofrenia, por outro lado teria tendência a ser delator, sobretudo de chefes a superintender nas oficinas, portando técnicos com alguma classificação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Algumas vezes mesmo sendo admoestado, por sócios gerentes, levou bastante tempo a insistir, até que aprendeu a lição, não era que fugisse à verdade, mas devia reparar que estava a pôr em casa a própria administração, a quem cabia zelar pela boa harmonia de toda a produção.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A personagem em questão, dava pelo nome de Moura Jorge e a sua malévola estrutura mental, quiçá o seu negativismo já tinha dado origem a alguns pedidos de demissão de alguém, a quem bastava o trabalho para lutar. Na primeira oportunidade apresentavam a renúncia, porque não estavam aturar maus fluidos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aconteceu que João Moisés pela sua docilidade, podia dizer mesmo jeito para as relações humanas, passou a ser tratado pelo chefe com grande deferência.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Muitas vezes desceram ambos o Chiado e havia dias em que Moura Jorge, passava o caminho apenas a maquinar o desdobramento dos números do totobola para jogar com acerto, sendo o fim em vista a riqueza que o levaria a poder abandonar aquele emprego considerado execrável, pelo facto de ter ficado excluído de dar palpites, que refutava de inerentes à sua condição na chefia do escritório.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No entanto, dava para aprender muito com ele, pela negativa claro! Magicava grandes evoluções, uma altura pensou em desenvolver o seu francês e nada melhor que oferecer morada a uma professora da língua, em troca de lições pessoais daquele idioma.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Para uma dessas sessões convidou o novo subordinado. A docente depressa opinou que aquele conhecia mais do idioma que o aluno efectivo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>As relações, como seria fácil de prever, não eram muito católicas, pela razão simples de várias ausências da mestra, que parecia mais meretriz do que professora de francês.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Em resultado, o acordo foi efémero.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O totobola continuou semanalmente, lá vinha o matraquear habitual, a tripla estava sempre certa, o pior eram os símbolos duplos, que falavam muito, pelo que a independência económica nunca mais chegou.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um dia deu entrada ao serviço daquele escritório um novo funcionário, como veio através da velha “cunha”, nada mais do que da herdeira de um sócio maioritário da casa, o rapaz de nome Martinho exibia uma péssima caligrafia, além das poucas qualificações para o desempenho do trabalho.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mesmo assim o chefe nunca o hostilizou, sabia que isso seria o tratamento do seu fim, no entanto a confiança e a amizade dedicada a João Moisés, leva-o a comentar: Não é ainda este que me virá substituir!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Apesar disso, de seguida demonstrou o talento do poder de negativismo humano, nem conjecturou o facto de nos cemitérios dar entrada diariamente cadáveres de insubstituíveis!... </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Programou férias, comentando várias vezes para o colega de confiança, ser a maneira de repararem no vazio que constituiria a sua falta.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O programa tinha, por força de ser mau: Houve a necessária inter ajuda, como é habitual nestes casos e a gerência nem terá notado a sua falta, que não fez mais forçar a inevitável queda.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Queda que já era previsível, tanto mais que o sistema neurológico o levava a consultar periodicamente um médico do foro.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não obstante, iniciara correspondência com uma Inglesa, com o objectivo de desenvolver o idioma. A súbdita da Rainha Isabel, sendo viúva de idade relativamente mais avançada e como estava descomprometida, depressa programou férias para Lisboa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Logicamente foi o correspondente na capital de Portugal que tratou do aluguer da casa na cidade, onde havia de passar a seroar, enganando a própria esposa de que já tinha um filhote.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entrou pois num namoro, suposto só ser conhecido em pormenor por João Moisés, o único colega confidente e a ter o privilégio de visitar a casa durante as férias, nunca falou a ninguém sobre o assunto, porém deu-se o caso de querendo fazer o papel de bom cicerone, levava a mulher até ao Largo de Camões onde, na hora do almoço, passavam sentados e enlevados, como dois adolescentes.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sendo perto do local de trabalho, era uma evidente exposição da sua surpreendente mancebia, uma vez que se postavam muito próximo da Travessa das Mercês.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Logicamente que para ali se viravam muitos olhares dos passantes, alguns trabalhadores da empresa vindos da principal refeição, com espanto podiam observar o quadro.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Lisboa sempre albergou casos muito interessantes, embora haja a pretensão de divulgar alguns, o facto é que, quem sabe é sempre tudo é toda a humanidade, como diria um habitual cliente daquela verdadeira fábrica de zincogravuras, para todo o tipo de impressão, o dorminhoco Rocha de Oliveira, detentor já de respeitosa idade. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sendo um típico alfacinha, enquanto esperava pelo acabamento da encomenda, o que acontecia amiudadas vezes, deixava os seus conselhos. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois, sentado no banco habitual, batia uma soneca!...</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin: 6px 0px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-24574638412207265352018-01-05T05:54:00.003-08:002018-01-05T05:54:24.964-08:00TRAVESSA DAS MERCÊS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="479" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26231009_10207975170496919_4061179019954600825_n.jpg?oh=e58317bc388a0e36a5ae03d7d9bb158f&oe=5AFCE674" width="640" /></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-large;"><br /></b></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-large;">A TRAVESSA DAS MERCÊS</b></div>
<div style="background-color: white; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="background-color: white; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O aspecto de deixar a subida diária da Avenida da Liberdade, não significava melhoria no esforço quotidiano de João Moisés, ele era mesmo indomável a fazer grandes percursos a pé, mas a sua existência citadina melhorara a olhas vistos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Saíra de um emprego, menos conceituado, de madrugada e era o primeiro a perfilar-se à entrada do escritório, onde ia principiar ocupação de outro relevo. Começava de novo do zero, embora tivesse andado a preparar-se, mental e intelectualmente, para desempenhar tarefa, de certo modo, mais elevada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tudo lhe parecia adequado, a empresa era de razoável dimensão, a perfeição nunca chegando a existir, tem de ser sempre a procurada por mentes irrequietas; é assim que deve ser encarado o mundo, onde se encontram figurões a tentar que o alinhamento se faça sempre por baixo, afim de tirarem partido das fraquezas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nunca havia desânimos para João Moisés, mas começou por sentir a insegurança de, nunca ninguém o ter posto ao corrente do trabalho a executar, porém em breve entendeu o que dele se esperava e assim deu início ao que lhe pareceu ser necessário fazer, para atingir o tal paraíso que encerrava a cidade de Lisboa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Devido a uma questão de proximidade, relativamente ao local onde morava, já conhecia o arruamento chamado Paraíso, o tal que nunca deixou de procurar, mas o escritório de apoio à indústria gráfica com sede últimos números da grande Travessa, com grandeza mais própria para ser denominada Rua, estava longe de constituir esse espaço sideral.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Agora o Chiado era a grande encosta que, diariamente, acrescentara por duas vezes ao percurso e foi nesse, que um dia na volta atirou uma moeda ao ar. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Como a mesma se comportasse assim decidiria, se sim ou não, a sua vida iria mudar de novo. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Porque o diabo da peça numismática caíra com a face que previa alteração, afinal a pretendia, isto porque embora se passasse pela Travessa dos Fieis de Deus, para chegar ao escritório, o trabalho que se desejava harmonioso, para ser bem compreendido e depois frutificar, tornara-se um verdadeiro Inferno.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No dia seguinte, o João Moisés tal como indicou a face da moeda, foi ao “Diário de Notícias” e lá encontrou um anúncio a pedir empregado de escritório.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Respondeu e depois do horário laboral, com vários testes, que incluíram uma carta em francês, foi imediatamente admitido, ficando de apresentar no próximo dia o pedido de demissão, para passar à secretária do novo escritório de uma empresa de aprestos marítimos, ao Cais do Sodré.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Vertical, como prendia ser, acabou por logo no dia seguinte, via telefone apresentar escusa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Passava-se o interessante, na Travessa das Mercês, por já ter dado nas vistas, então aquela renúncia caíra como uma bomba. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na tentativa de evitar a dissidência, houve reuniões ao mais alto nível, até de sócios, que João Moisés nunca chegou a conhecer pessoalmente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi o douto Guarda-Livros, sim, porque nessa época nenhuma empresa funcionava sem esse alto quadro técnico, a encarregar-se de resolver a situação, em representação de todos os associados da empresa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Embora já tivesse na mente o porquê, era patente, atirou uma pergunta a apontar, propositadamente, em sentido contrário, porém não estava em frente de um delator e recebeu como resposta um sorriso e a frase: Com esse até aprendi muito porque querendo mostrar os seus conhecimentos, em vez de levar a correcções directas, comentava os normais eros com: “Afinal julgava que era de certa maneira, mas estava enganado”!,,, Referia-se a ordens escritas, recebidas do escritório, num boletim de trabalho.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O refutado técnico deu-se por satisfeito, ficou com certezas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De pronto deu mostras de ter resolvido o problema, que para ele se resumia a uma subida de mensalidade e atirou:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Só dizes quanto queres ganhar mais por mês. Deixou assim o interlocutor sem imediata reacção, este ponderou que afinal a questão do trabalho lhe agradava, achava malévolas as interferências a degradar o ambiente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ficando certo, que estava a dialogar com quem tinha interesse em resolver a questão, pediu apenas um modesto aumento.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pareceu tudo a contento, para o que terão contribuído todos os Fiéis de Deus, que davam nome à Travessa, onde se passou todo o diálogo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A empresa não sofreu o revés de perder o servidor e este pareceu sentir-se mais seguro, porque aconteceu realmente deixar de ser, como que humilhado pelo chefe laboral, a personagem, que por conveniência pessoal, alimentava a confusão nos serviços de expediente, com a finalidade de alinhamento por baixo,</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tudo ficou realmente melhor, a muita labuta diária não assustava o novo funcionário. Trocava no entanto a possibilidade de continuar a frequentar aulas de liceu, pela mais valia remuneratória e das próprias horas extraordinárias, pagas a dezoito escudos e setenta centavos cada, que ficara com a autonomia de fazer, quando achasse necessário.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Como se isso não bastasse, o próprio chefe oficial, num determinado Sábado, à tardinha, fez-se encontrado e levou o novo trabalhador, do expediente de escritório. até à Cervejaria Trindade onde, entre uma amena cavaqueira, mandou encher uma mesa de marisco com umas imperiais, para que não ficassem dúvidas, nas boas relações ora encetadas entre ambos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés também tinha tido em conta, a óptima colocação para investigar casos interessantes, porque afinal a obsessão por essa faceta, transversal a grande parte da sociedade, nunca podia ser abandonada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No fundo, tinha sido despoletado um factor de agrado em toda a linha.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O lance, sem qualquer programação, vistas as coisas pelo lado positivo, mostrava-se deveras promissor e as diárias caminhadas, em duplicado, a pé do Bairro Alto até ao da Graça, continuaram na mesma, mas a serem encaradas com a típica alegria de viver, do homem que estava a gostar muito de palmilhar a Rua Garrett, na altura fervilhante de transeuntes, a proporcionarem casuais e agradáveis encontrões.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era o saudoso Chiado da época, onde todos os dias à tarde se podia presenciar uma mostra, em passeio, da beleza feminina de Lisboa. Ainda funcionava o famoso café “Os Irmãos Unidos”, que passando ao rol do esquecimento, embora mantivesse exposta a famosa tela do poeta Fernando Pessoa, saída das mãos do memorável mestre Almada Negreiros.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>As refeições eram, invariavelmente, tomadas em casa, após o que seguiam algumas leituras depois do jantar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por não haver em casa ainda aparelho de televisão, quando estava anunciado um programa de agrado, era dada uma saltada a um estabelecimento de café, para assistir à transmissão.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De regresso, muitas vezes, lá estava montada uma sessão amadora de leitura de cartas de jogar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Vá lá saber-se a que existências eram dedicadas!... Talvez tivessem a ver com certa pessoa, suposto hóspede, que á vista era tratado como tal, mas era um privilegiado comensal.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sabia-se que dormia com a dona da casa, mas tendo o seu dia de folga às quartas-feiras, passava-as com almoços e em de sessões de cinema, com uma elegante e antiga cliente do atelier de alta-costura da anfitriã.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Mesmo com muitas zangas, nesses dias, a vida continuava igual.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ainda não chegara a liberalização do sexo, era assim que se procuravam manter as aparências em Lisboa.</b></span></div>
<br />
<div style="background-color: white; display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-75952976090630307352018-01-03T04:59:00.002-08:002018-01-03T04:59:51.001-08:00PARQUE MAYER<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="433" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26165857_10207963927375848_5024330906667114786_n.jpg?oh=322531634404ae2a3d58eaf5c886b2b4&oe=5AF5E244" width="640" /></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b>PARQUE MAYER</b></span></div>
<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="background-color: white; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois foi destinado pela firma, a trabalhar na Avenida da Liberdade junto ao importante Café Lisboa, implantado num prédio que fazia esquina, com o beco a dar para o Parque Mayer. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Naquela década de sessenta do século XX, era onde se processava toda a vida nocturna lisboeta, tanto mais, que as mais importantes casas da vida da noite também marcavam a sua presença a sua presença, quase em exclusivo, nas proximidades. Ao tempo, o mais famoso seria o Fontória, mas havia outros como o Maxime, o Passa Poga, assim como a casa de fados Márcia Condessa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sem razão para nostalgias, porque se sabia que a sociedade estava já em mutação e a energia a ser produzida com essa lenta mas verdadeira revolução, haveria de aniquilar tudo o que ia construindo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Quem sabia aproveitar as oportunidades da mesma, depressa partiria para outra. Caso contrário ficaria banalizado e podia mesmo fenecer, o talento e a capacidade empreendedora dos que procuravam estar em destaque no seio de novos impulsos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Faziam ainda fervilhar, na noite o Café Lisboa, duas tabacarias no mesmo prédio, uma pertencente à mesma empresa da Ginjinha Avenida, a outra integrada no próprio Café, o Bar Cantinho dos Artistas, sendo parte do Parque, mas com a entrada por fora deste, a Cervejaria Ribadouro, outro requinte nocturno, em actividade pela noite dentro, ali numa esquina a dar para a Rua do Salitre.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi destinado a servir naquele bar de Ginjinha pequeno mas conotado como um santuário por João Moisés, pois achava-o o máximo para o que pretendia. Ao iniciar o dia de trabalho, ocupava-se de tudo o que havia a fazer normalmente, a seguir dispunha numa gaveta o que tinha a decorar, a fim de ter tudo na mente para as aulas de liceu destinadas à manhã seguinte, isto em virtude de por aqueles sítios, a clientela ser rara a tal hora.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois do jantar e de, a intervalos de um dia, frequentar aulas de Inglês, chegava o verdadeiro serviço de atendimento e consequentemente o muito a observar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Algumas vezes passavam fugazmente artistas de palco conhecidos, como o Tristão da Silva ou António Mourão ou outros ainda no início de uma carreira de que se falava e que não chegaria a frutificar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um dia apareceu o Francisco José, já célebre a tal ponto que, vindo de actuar no Brasil, no fim de um concerto, como se diria hoje, em directo na Radiotelevisão, se surpresa desatou a reivindicar dos baixos “cachets” pagos a artistas nacionais em relação a estrangeiros.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Todas as incidências do transcendente acto foram contadas ao vivo, para uma pequena mas interessada plateia, ali junta ao acaso, em jeito de reunião.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Do que fora “escândalo”, ali tratado parecia de efeito contrário, o artista à saída dos estúdios da Televisão, encontrou já vários elementos da PIDE, que o levaram de imediato para interrogatório policial, onde mostrou logo, que o que ia ser pago seria destinado na totalidade, a uma instituição de caridade, portanto até se podia dar ao luxo de fazer um acto de justiça, vedado a artistas sem a sua cotação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi a última actuação na Televisão Portuguesa, de microfone aberto em directo, para evitar tentações futuras, como aquela do inimitável cantor romântico.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Durante a tarde, mesmo assim, apareciam por ali clientes de rosto familiar, que se tornavam previsíveis quanto a preferências, como o senhor Garcia, dono do Hotel Vitória, trabalhadores locais com as mais variadas ocupações e outros que diariamente passavam, além de forasteiros ocasionais.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pela noite, era interessante o desfile de muitos trabalhadores do Parque Mayer, como os celebrados cenógrafos Pinto de Campos e Mário Alberto, que eram habituais. Também os empregados de mesa do famoso Café Lisboa, aproveitavam tempos menos preenchidos, para uma bebida, invariavelmente uma ginja com ou sem elas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Servia-se um “cokteil”. Dito especialidade da casa e apareciam casais, relativamente novos, socialmente avançados na época. Os homens, num sussurro solicitavam o néctar, depois enquanto decorria o preparado voltavam a segredá-lo às mulheres, que pelo menos fingiam achar muita piada</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era o então celebrado “meninete”, uma palavra imprópria para ser pronunciada em público, demais na presença de senhoras!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Faria já parte, como actualmente da linguagem de alcova.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Parque com os seus teatros de Revista á Portuguesa, os restaurantes e o majestoso Café Lisboa subjacente eram, naqueles anos sessenta, como um eixo dum espaço onde começavam aqueles que faziam da noite o modo de se divertir e não só, porque também elementos da PIDE sempre de olhos abertos e ouvidos à escuta, ali iniciavam o trabalho. Alguns eram tão habituais que conseguiam tornar conhecido o seu modo de vida, outros menos vistos entravam num tipo de provocação, fingindo-se ébrios, tentando ouvir algo que os encaminhasse a iniciar investigações.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Estávamos em plena guerra de África, a viver uma República, apelidava-se de Estado Novo, tendo como Presidente Américo Tomás e Presidente do então chamado Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar que, por força, tinham de estar sempre representados e nada melhor do que ter alguém, com ferocidade suficiente em todos os lugares onde houvesse portugueses.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daquela esquerda da Avenida da Liberdade, perto de grande Estátua aos Combatentes da Primeira Grande Guerra Mundial, podiam sair textos, que a dona Censura podia deixar passar, interpretados pelos elencos teatrais das Revistas, podiam fazer um explosivo a precisar de uma vigilância imbatível e constante.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Quem passava, de vez em quando, era um engraxador, como tantos que actuavam sobretudo na baixa de Lisboa, tinha sido pugilista de mérito, Belarmino Fragoso.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Já exibido o documentário, que já tinha protagonizado simplesmente designado por Belarmino, realizado por Fernando Lopes, baseava-se precisamente no desporto que o mesmo praticara.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Conheceu algum êxito, se considerarmos os poucos meios e o espaço cinematográfico nacional. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Os comentários que passavam eram de que o realizador tinha ganho bom dinheiro, enquanto o artista principal nunca passou de uma pobreza envergonhada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Podendo não ser acertados, estes não deixavam de ser atirados, mesmo nas barbas de agentes da polícia política, já que em nada beliscavam o regime vigente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entre os vários acontecimentos, que se podiam observar com faro de investigador, João Moisés reteve o de um casal de Ingleses. Estariam instalados num hotel da vizinhança.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De entre os prazeres proporcionados por uns dias de férias na capital europeia de Portugal, à noite contava a degustação de um saboroso licor, junto ao Parque de todos os sonhos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Fazendo-se entender somente na língua de William Saskepeare, o homem travara certo entendimento com a, senhora engraçada e de fácil trato obviamente, sem que a simplicidade escondesse qualquer intenção, porém as boas gratificações não se faziam esperar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Passaram uns meses, a mesma senhora entrava com outro acompanhante, mesmo não sendo necessário qualquer aviso, já a dama estava, por detrás a exibir o sinal para não haver palavras, sobre o passado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A partir daí o novo par constituído apareceu por mais dias e a senhora voltou ao fraternal bate papo habitual.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Isto foi sempre lembrado, porque aquele tipo se “serviço” ainda estava longe de ser vulgar, mesmo na grande Lisboa de sessenta do século passado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um dia à tarde apareceu outro tipo de cliente, nunca tinha sido visto por ali, vestido a rigor, de facto a sua aparência mais a de provinciano tipo “Chico esperto”, empunhando a sua bebida, solicitou o empréstimo de certa quantia, em seu abono, dizia-se oficial do exército, prestes a ter um encontro com uma miúda e faltava-lhe dinheiro.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Obviamente obteve uma negativa, alegadamente por o João Moisés não possuir a quantia. Sugeriu o impensável:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Retirar a importância da caixa registadora!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Para a sua propensão a investigar certos factos gregários, todas as noite, depois das duas da madrugada, durante meses, descia a Avenida da Liberdade, onde tomava o rumo do Largo Martim Moniz a caminho do bairro da Graça, localização da sua morada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Devido ao avanço nocturno apenas encontrava algumas meretrizes, em fim de trabalho nos Restauradores, que procuravam a oportunidade de insinuar-se, Nunca se meteram, deviam conhecer o habitual transeunte, que não era parte dos ocasionais clientes.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Embora o João viesse amando a doce existência naquela ocupação, onde era tratado como achava merecer, tendo adquirido mais formação académica, com ambições mais elevadas, em breve encetou novos voos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois foi destinado pela firma, a trabalhar na Avenida da Liberdade junto ao importante Café Lisboa, implantado num prédio que fazia esquina, com o beco a dar para o Parque Mayer.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Naquela década de sessenta do século XX, era onde se processava toda a vida nocturna lisboeta, tanto mais, que as mais importantes casas da vida da noite também marcavam a sua presença a sua presença, quase em exclusivo, nas proximidades. Ao tempo, o mais famoso seria o Fontória, mas havia outros como o Maxime, o Passa Poga., assim como a casa de fados Márcia Condessa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Sem razão para nostalgias, porque se sabia que a sociedade estava já em mutação e a energia a ser produzida com essa lenta mas verdadeira revolução, haveria de aniquilar tudo o que ia construindo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Quem sabia aproveitar as oportunidades da mesma, depressa partiria para outra. Caso contrário ficaria banalizado e podia mesmo fenecer, o talento e a capacidade empreendedora dos que procuravam estar em destaque no seio de novos impulsos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Faziam ainda fervilhar, na noite o Café Lisboa, duas tabacarias no mesmo prédio, uma pertencente à mesma empresa da Ginjinha Avenida, a outra integrada no próprio Café, o Bar Cantinho dos Artistas, sendo parte do Parque, mas com a entrada por fora deste, a Cervejaria Ribadouro, outro requinte nocturno, em actividade pela noite dentro, ali numa esquina a dar para a Rua do Salitre.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi destinado a servir naquele bar de Ginjinha pequeno mas conotado como um santuário por João Moisés, pois achava-o o máximo para o que pretendia. Ao iniciar o dia de trabalho, ocupava-se de tudo o que havia a fazer normalmente, a seguir dispunha numa gaveta o que tinha a decorar, a fim de ter tudo na mente para as aulas de liceu destinadas à manhã seguinte, isto em virtude de por aqueles sítios, a clientela ser rara a tal hora.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois do jantar e de, a intervalos de um dia, frequentar aulas de Inglês, chegava o verdadeiro serviço de atendimento e consequentemente o muito a observar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Algumas vezes passavam fugazmente artistas de palco conhecidos, como o Tritão da Silva ou António Mourão ou outros ainda no início de uma carreira de que falava e que não chegaria a frutificar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um dia apareceu o Francisco José, já célebre a tal ponto que, vindo de actuar no Brasil, no fim de um concerto, como se diria hoje, em directo na Radiotelevisão, se surpresa desatou a reivindicar dos baixos “cachets” pagos a artistas nacionais em relação a estrangeiros.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Todas as incidências do transcendente acto foram contadas ao vivo, para uma pequena mas interessada plateia, ali junta ao acaso, em jeito de reunião.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Do que fora “escândalo”, ali tratado parecia de efeito contrário, o artista à saída dos estúdios da Televisão, encontrou já vário elementos da PIDE, que o levaram de imediato para interrogatório policial, onde mostro logo que o que ia ser pago seria destinado na totalidade, a uma instituição de caridade, portanto até se podia dar ao luxo de fazer um acto de justiça, vedado a artistas sem a sua cotação.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi a última actuação na Televisão Portuguesa, de microfone aberto em directo, para evitar tentações futuras, como aquela do inimitável cantor romântico.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Durante a tarde, mesmo assim, apareciam por ali clientes de rosto familiar, que se tornavam previsíveis quanto a preferências, como o senhor Garcia, do Hotel Vitória, trabalhadores locais com as mais variadas ocupações e outros que diariamente passavam, além de forasteiros ocasionais.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pela noite, era interessante o desfile de muitos trabalhadores do Parque Mayer, como os celebrados cenógrafos Pinto de Campos e Mário Alberto, que eram habituais. Também os empregados de mesa do famoso Café Lisboa, aproveitavam tempos menos preenchidos, para uma bebida, invariavelmente uma ginja com ou sem elas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Servia-se um “cokteil”. Dito especialidade da casa e apareciam casais, relativamente novos, socialmente avançados na época. Os homens, num sussurro solicitavam o néctar, depois enquanto decorria o preparado voltavam a segredá-lo às mulheres, que pelo menos fingiam achar muita piada</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era então celebrado “meninete”, uma palavra imprópria para ser pronunciada em público, demais na presença de senhoras!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Faria já parte como actualmente d linguagem de alcova.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Parque com os seus teatros de Revista á Portuguesa, os restaurantes e o majestoso Café Lisboa subjacente eram, naqueles anos sessenta, como um eixo dum espaço onde começavam aqueles que faziam da noite o modo de se divertir e não só, porque também elementos da PIDE sempre de olhos abertos e ouvidos à escuta, ali iniciavam o trabalho. Alguns eram tão habituais que conseguiam tornar conhecido o seu modo de vida, outros menos vistos entravam num tipo de provocação, fingindo-se ébrios, tentando ouvir algo que os encaminhasse a iniciar investigações.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Estávamos em plena guerra de África, a viver uma República, apelidava-se de Estado Novo, tendo como Presidente Américo Tomás e Presidente do então chamado Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar que, por força, tinham de estar sempre representados e nada melhor do que ter alguém, com ferocidade suficiente em todos os lugares onde houvesse portugueses.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daquela esquerda da Avenida da Liberdade, perto de grande Estátua aos Combatentes da Primeira Grande Guerra Mundial, podiam sair textos, que a dona Censura podia deixar passar, interpretados pelos elencos teatrais das Revistas, podiam fazer um explosivo a precisar de uma vigilância imbatível e constante.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Que passava de vez em quando era um engraxador, como tantos que actuavam sobretudo na baixa de Lisboa, tinha sido pugilista de mérito, Belarmino Fragoso.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Já exibido o comentário, que já tinha protagonizado simplesmente designado por Belarmino, realizado por Fernando Lopes, baseava-se precisamente no desporto que o mesmo praticara.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Conheceu algum êxito, se considerarmos os poucos meios e o espaço cinematográfico nacional. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>OS comentários que passavam eram de que o realizador tinha ganho bom dinheiro, enquanto o artista principal nunca passou de uma pobreza envergonhada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Podendo não ser acertados, estes não deixavam de ser atirados, mesmo nas barbas de agentes da polícia política, já que em nada beliscavam o regime vigente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Entre os vários acontecimentos, que se podiam observar com faro de investigador, João Moisés reteve o de um casal de Ingleses. Estariam instalados num hotel da vizinhança.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De entre os prazeres proporcionados por uns dias de férias na capital europeia de Portugal, à noite contava a degustação de um saboroso licor, junto ao Parque de todos os sonhos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Fazendo-se entender somente na língua de William Saskepeare, o homem travava certo entendimento com a, senhora engraçada e de fácil trato obviamente, sem que a simplicidade escondesse qualquer intenção, porém as boas gratificaç~es não se faziam esperar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Passaram uns meses, a mesma senhora entrava com outro acompanhante, mesmo não sendo necessário qualquer aviso, já a dama estava, por detrás a exibir o sinal para não haver palavras, sobre o passado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A partir daí o novo par constituído apareceu por mais dias e a senhora voltou ao fraternal bate papo habitual.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Isto foi sempre lembrado, porque aquele tipo se “serviço” ainda estava longe de ser vulgar, mesmo na grande Lisboa de sessenta do século passado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Um dia à tarde apareceu outro tipo de cliente, nunca tinha sido visto por ali, vestido a rigor, de facto a sua aparência mais a de provinciano tipo “Chico esperto”, empunhando a sua bebida, solicitou o empréstimo de certa quantia em seu abono, dizia-se oficial do exército, prestes a ter um encontro com uma miúda e faltava-lhe dinheiro.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Obviamente obteve uma negativa, alegadamente por o João Moisés não possuir a quantia. Sugeriu o impensável:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Retirar a importância da caixa registadora!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Para a sua propensão a investigar certos factos gregários, todas as noite, depois das duas da madrugada, durante meses, descia a Avenida da Liberdade, onde tomava o rumo do Largo Martim Moniz a caminho do bairro da Graça, localização da sua morada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Devido ao avanço nocturno apenas encontrava algumas meretrizes, em fim de trabalho nos Restauradores, que procuravam a oportunidade de insinuar-se, Nunca se meteram, deviam conhecer o habitual transeunte, que não era parte dos ocasionais clientes.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Embora o João viesse amando a doce existência naquela ocupação, onde era tratado como achava merecer, tendo adquirido mais formação académica, com ambições mais elevadas, em breve encetou novos voos.</b></span></div>
<br />
<div style="background-color: white; display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-80507555688753879342018-01-02T03:45:00.000-08:002018-01-02T07:54:00.130-08:00AVENIDA DA LIBERDADE<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit;">
<div class="_5cq3" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit; position: relative;">
<a ajaxify="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10207958617283099&set=a.1004536653502.455.1827457790&type=3&size=500%2C353&source=13&player_origin=story_view" class="_4-eo _2t9n" data-ploi="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26167505_10207958617283099_2433569404298099139_n.jpg?oh=e67ea1d1f8b899c23b03316febe28209&oe=5AB26B52" data-render-location="permalink" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10207958617283099&set=a.1004536653502.455.1827457790&type=3" rel="theater" style="box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.05) 0px 1px 1px; color: #365899; cursor: pointer; display: block; font-family: inherit; position: relative; text-decoration: none; width: 476px;"></a></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_9" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="451" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26167505_10207958617283099_2433569404298099139_n.jpg?oh=e67ea1d1f8b899c23b03316febe28209&oe=5AB26B52" width="640" /></div>
<div style="margin: 0px 0px 6px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: x-large;"><b>AVENIDA DA LIBERDADE</b></span></div>
<div style="font-size: 14px; margin: 6px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Nos ano de 1964 e parte do 1965, Lisboa de João Moisés, não passava muito do Bairro da Graça onde vivia, da Avenida da Liberdade, que subia diariamente, por ser o local de trabalho e da zona da Praça do Chile, onde em dois locais distintas, fazia os seus estudos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Ao fim e ao cabo, parecia não ser existência muito auspiciosa, embora tudo corresse sobre rodas, porque ainda no primeiro ano e perto do local de trabalho, o Teatro D. Maria II sofreu um grande incêndio. Estava com representações de peças teatrais, da programação da grande actriz Amélia Rey Colaço, que passou a trabalhar no então Teatro Avenida. A reconstrução veio a durar até 1978, altura em que reabriu as suas portas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Não obstante, a vida continuava, o espaço comercial da Rua da Portas de Santo Antão era frequentado, durante o período da tarde, por todo o tipo de pessoas, entre outros um vendedor ambulante de gravatas, cuja montra consistia numa tábua dependurada ao pescoço com as ditas à vista, um senhor forte, de certa idade a quem muitos encomendavam um tipo de bisnaga de creme de barbear, um indivíduo que fora jogador de futebol do Barreirense, durante anos a militar na primeira divisão, um cromo oriundo de famílias abastadas, que o exército expulsara com o posto de capitão, uma verdadeira chaminé fumante, que chegara ao limiar da pelintrice. Para fazer durar alguns trocos oferecidos por amigos, em tempos de mais penúria usava cigarros Kentuky, a que com um certo toque de ironia, apelidava de Phillip Morris. Tabaco de importação e vedado a pobres, pelo preço proibitivo. Aquele custava apenas oitenta centavos por embalagem.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Davam ainda muito nas vistas, um empregado numa firma de distribuição de filmes, de passagem e permanência “obrigatória” à saída do trabalho, um arrumador de sala do cinema Éden, que passava a tomar ginja, antes de entrar no trabalho e era sempre atendido pelo encarregado, a quem deixava taxativamente cinquenta centavos de gorjeta, o que naquele tempo se poderia considerar elevada, para uma despesa de um escudo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Também muitos empregados de estabelecimentos vizinhos faziam parte da frequência.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Durante um certo tempo, apareceu à noite um casalinho a consumir o licor Natal, a bebida da casa, de fabrico próprio. Davam bom ambiente, pois até metiam conversa o que sempre agradava, tratando-se de uma hora em que a clientela se ia desvanecendo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Um dia porém, de certeza tinham gasto as últimas economias e fizeram a rábula do esquecimento da carteira. Estava presente, a fazer o lugar de chefia, o filho do dono da casa que, marcava sempre presença, para o fecho da mesma e de boa vontade assentiu que a conta fosse paga no dia seguinte.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Para aqueles clientes, não chegou a haver o dia depois, nem mais nenhum, deixaram de ser vistos definitivamente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Os turistas eram em pouca quantidade, mas iam adquirindo ali os agradáveis licores, que a casa fabricava, em local próprio: Por vezes pediam para serem entregues no Hotel da sua estadia, normalmente um dos próximos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Um dia coube a João Moisés fazer uma dessas entregas. A hospedagem era no grande Hotel Avenida, quase imediato, na grande artéria do lado oposto, no início da Praça dos Restauradores, Aí ficou a saber mais sobre o mesmo, tinha constituído um verdadeiro ninho de espiões da Segunda Guerra Mundial.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>A sua abertura já datava de 1898, a privilegiada localização e ocupação prestava-se à recolha de todo o tipo de informações que, durante alguns anos interessavam os contendores dos dois blocos, que mantiveram a Europa a ferro e fogo, num conflito armado, sem paralelo ou antecedentes de tão grande belicismo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Quem, como era o caso, estivesse atento á diferenciação que a grande sociedade humana produzia, a partir daí podia idealizar estudos dedutivos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Aquela visita era o máximo!...</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Realmente João Moisés, começava a ver mais do que, justificada a sua grande vontade de viver numa cidade de grandeza europeia, como Lisboa e lembrava-se muito do dito que antes ouvira:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>- “Terras pequenas não fazem homens grandes”!...</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin: 6px 0px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-77840979627751211712017-12-31T00:37:00.001-08:002017-12-31T00:37:28.277-08:00SANTO ANTÓNIO DE LISBOA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="_3x-2" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div style="font-family: inherit;">
<div class="_5cq3" data-ft="{"tn":"E"}" style="font-family: inherit; position: relative;">
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</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_9" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1.38; margin-top: 6px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="font-style: normal; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="480" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26165969_10207945620518188_6627572530260631209_n.jpg?oh=e76b71e1b444ff2e75e0c8be0be83b51&oe=5AFA1A72" width="640" /></div>
<div style="margin: 6px 0px; text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Rua do Vale de Santo António, onde se pode ver a capela de Santo António de Lisboa</i></span></div>
<div style="font-style: normal; margin: 6px 0px; text-align: justify;">
<b style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;">SANTO ANTÓNIO DE LISBOA</b></div>
<div style="font-size: 14px; font-style: normal; margin: 6px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O grande Santo nascido em Lisboa, tão venerado na cidade que realiza em sua honra marchas populares, na noite de doze para treze de Junho, em grande apoteose, não podia passar despercebido.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés, apesar de se achar evoluído, por ter começado a trabalhar desde muito novo, gostava deveras do elemento feminino. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Estava instalado numa morada que se prestava aos mais arrojados pensamentos, ainda que vindos daí, mesmo assuntos de carácter religioso, eram de interesse para vasculhar, como vai ficar demonstrado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Acontecia todos os dias passar algum tempo na sala dedicada ao atelier da anfitriã, onde trabalhavam várias costureiras, que já eram suas amigas, uma delas de certa idade, vivia ainda com o pai, sacristão na capela de Santo António, na Rua do Vale do Santo do mesmo nome.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Em conversa com a senhora, que também ajudava nos arranjos da igreja, veio a revelação surpreendente de que a mesma era a genuína e situava-se no exacto local onde, de facto nasceu o Santo casamenteiro.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A constatação era interessante para investigar, porque era dado como consumado o Taumaturgo lisboeta ter nascido junto à Sé, onde se encontra o grande templo que lhe é dedicado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O assunto levou João Moisés a muitas pesquisas e afinal nenhuma dava a zona do Vale de Santo António, como o sítio do seu nascimento, no entanto nunca a sua mente deixou de achar verosimilhança no caso, muito pensou no que poderia ser uma hipotética verdade, que não é descabido fomentar e até propor, para uma moderna consideração.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Começou por ser imaginar nos longínquos anos do nascimento do Santo, em que o Vale poderia ser considerado perto da Sé, em que o caminho, de certa maneira curto, era feito a pé.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Pensando bem naqueles tempos, em que por ali tudo eram campos, o Convento de S. Vicente de Fora, onde fizera estudos, que como sempre se situava a meio do percurso, não custava admitir essa versão, que os vizinhos capela do Santo, no Vale tinham arreigada, tanto assim que se estava perante um templo minúsculo e menos pomposo do que o vizinho da Sé e de maior antiguidade, criado antes e também para assinalar o lugar do nascimento do que foi baptizado com o nome de Fernando e mais tarde a pregar em Itália, ao mesmo tempo que veio a Lisboa depor, em tribunal, pelo pai.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tão bem terá feito a defesa que conseguiu provar a inocência do progenitor, livrando-o de uma condenação certa à morte. O caso faz parte da história da vida do pregador que jaz em Pádua, porque se fosse tomada como verdadeira, estava-se na presença de um invulgar caso do dom da ubiquidade.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A conjectura, não passará disso, mesmo tendo em conta a tradição local e o assunto analisado por alguém que se estava a dedicar ao estudo de todas as coisas, mesmo as vulgares a parecerem comuns, porque ninguém lhes dava importância, mas tinham por onde pegar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Voltar a estar acordado, na grande mansão da Graça, era interessante porque ali, a par dos serões de cartomancia, muito haveria a contar, como o caso de um casamento e outro de uma espécie de mancebia.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tratava-se de duas irmãs, uma mulher interessante, mas não bonita, casou com um rapaz a dever pouco à preciosidade de ter inteligência, a outra extraordinariamente bela, a tal ponto que o amante, homem de fortuna, acabou por gastá-la toda à conta daquele enlevo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Apesar de não haver mulher que valha tal, o certo é que também muita gente daquele sexo contribuiu, para o rápido esbanjamento.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No fundo João Moisés, cuidando do seu futuro, divertia-se naquela verdadeira vida e lá descia, pelo menos, duas vezes ao dia para trabalhar e estudar, a íngreme Calçada do Monte, que leva ao Largo da Graça, mas achava-se fadado para observar os minúsculos actos que a própria labuta de relações públicas traziam à superfície.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi assim que, ainda na Rua das Portas de Santo Antão, ao tempo trabalhava numa dependência predial, por debaixo da antiga sede do Sport Lisboa e Benfica, num daqueles Bares de ginjinha, que aliás era de própria designação, a Ginjinha Popular. Não obstante, quando chegava a canícula funcionava e para isso estava preparado, o serviço de venda de capilés, salsaparrilhas, groselhas, bem como limonadas, tudo dissolvido em água com soda, em copos bojudos, de vidro muito grosso.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era nesse tempo que sempre aparecia um dos porteiros do Clube, homem forte e de grande vozeirão, pedia invariavelmente um capilé à Benfica, numa repetição diária, que o tornava engraçado, enquanto fazia propaganda às virtualidades que achava do Clube seu patrão.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Passava por ali muita classe de gente, um ensaio feito e logo aprendido, é que não se podia guardar fosse o que fosse de qualquer forasteiro, dos muitos que vindos de fora, que aportavam ao local.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Era o tempo da Guerra Colonial, pelo que a senhora dona Censura se mostrava tenebrosa, até mesmo nesses aspectos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Aquele tipo de policia, sem se dar a perceber, estava sempre presente pelo que nunca se sabia quem era quem, num sítio onde passava todos os tipos de gente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Já tinham acontecido factos inacreditáveis, no aspecto, embora não se passando mais do que serem levados a interrogatório alguns clientes, que apenas ficavam com ficha na PIDE.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Depois, o João Moisés teve ocasião de observar uma tentativa de jogo da vermelhinha, era uma época em que uma nota de cem escudos se tornava quantia interessante, para aquele verdadeiro conto do vigário.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Passou assim: Um par de homens entrou e solicitou ser servido com ginjinhas de cinquenta centavos. A tentativa de pagamento foi feita com uma cédula de cem, depois de estar o troco pronto, um dos comparsas lá arranjou a moeda de escudo, para a liquidação, então preparava-se para ficar com a nota primitiva e o respectivo troco.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Deu-se de imediato e intuitivamente a descoberta da tentativa de logro, sendo abortada a bem congeminada vigarice.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Desde que abraçara a vida de Lisboa e como só se entendia bem na cidade, onde lhe agradava passar despercebido, tinha terminado uma relação amorosa que ainda possuía na zona de origem.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O trabalho não era encorajador para novos intentos, porque era apenas preenchido pelo género masculino, mas conseguiu a sua primeira namorada, que talvez por imaturidade citadina depressa o trocou. Convém verificar que como não havia chegado a revolução sexual, nem mais ou menos, a abordagem era mais complicada.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Na escola arranjou uma namorada, nada devia a uma mente bem esclarecida, como conviria e depressa teve de ser esquecida, nem o nome Emília dizia algo, já que João Moisés era exigente.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A seguir, foi mesmo ao balcão que catrapiscou uma nova miúda, acompanhada por familiares, a quem veio a conquistar algum tempo depois, em separado, era a Joana e tudo corria bem. Parece que se haviam encontrada duas almas gémeas, mas ainda não seria o fim dos derriços, apesar de o namoro parecer reunir condições para frutificar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Refira-se que, até então tudo não passou de entendimentos entre jovens, à moda daqueles tempos, porque actualmente, namoro equivale de imediato a uma vida a dois, sendo que os processos de agora, se tirar fora os excessos são mais atraentes, evitando muitos sofrimentos, afinal escusados.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Nessa época, sempre se apresentavam muitas noivas vestidas de branco, que escondiam o seu desfloramento das vistas do público, com um manto constituído também pelo tradicional ramo de flores de laranjeira, o sinal certo que evidenciava a consumação do matrimónio apenas na noite de núpcias, só depois da indispensável bênção divina.</b></span></div>
<br />
<div style="display: inline; font-size: 14px; font-style: normal; margin: 6px 0px 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa</b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-61999443682626032442017-12-26T06:08:00.002-08:002017-12-26T06:08:39.592-08:00CAFÉ LISBOA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_c" style="background-color: white; line-height: 1.38; margin-top: 6px;">
<div style="margin-bottom: 6px;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="640" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/25659592_10207922344976314_6336334034936921973_n.jpg?oh=5e804117ae91133539d6c2c309e44f43&oe=5AFF1A0C" width="512" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px;">
<img alt="Foto de Daniel Cordeiro Costa." height="640" src="https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/26055969_10207922346376349_4683367942006446513_n.jpg?oh=2f89037edc049c43dbfbdd42fa9ee419&oe=5ACA78DB" width="480" /></div>
<div style="margin-bottom: 6px;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;">CAFÉ LISBOA</span></div>
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não pode haver dúvidas, Lisboa é uma cidade encantadora, o João Moisés levou uma mocidade inteira a sonhar com uma vida na capital. A ideia não provinha dos deslumbramentos que a paisagem pudesse provocar, pois até à idade adulta nem dela se aproximou! Mas sim dos forasteiros nela a viver, que visitavam a aldeia situada no ameno Oeste, sobretudo por festas populares ou outras do calendário litúrgico, como Natal ou Domingo de Páscoa,</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Destacavam-se sempre dos habitantes locais por uma postura mais urbana, patenteada desde logo pela indumentária que exibiam, talvez de modismo mais adequado.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Para já, não achava ter nascido para agricultor, como o Estado Novo catalogava todos os que viviam uma agricultura de subsistência. Como era o caso.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Considerava-se capaz de fazer outras coisas mais importantes e logo na adolescência começava a movimentar-se nesse sentido.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Só no decorrer do ano de 1964, depois de uma cumprida obrigatoriedade militar, entre a qual vinte e sete meses de mobilização em Angola, tempo que considerou serem a únicas verdadeira férias passadas até então, chegou a oportunidade de se fixar na cidade com que sempre sonhou, a formosa Lisboa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi em Abril, o primeiro que o governo de então considerou especial, dedicando-o ao início oficial da indústria turística em Portugal.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O Algarve que tem hoje importância, nessa florescente actividade a todos os níveis, era ainda mal conhecido e do aeroporto existente actualmente na cidade de Faro, estrutura fundamental para o objectivo, havia ainda só o terreno e um projecto.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O centro da cidade era pujante, o Chiado fervilhante foi eleito para uma maior visibilidade turística, com a distribuição de flores aos forasteiros que vinham conhecer o País.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tinha sido feita além fronteiras, para a divulgação das virtualidades de Portugal na vertente do bom Sol e os próprios Correios apondo sobre os selos das cartas uma flâmula, em francês, cuja mensagem era apenas a seguinte: “Avril au Portugal”.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Por ironia meteorológica, o mês que costuma ser já muito solarengo no rectângulo mais a Sudeste da Europa, apresentou sempre o céu cheio de nuvens e aguaceiros, tudo o que encobria o Astro Rei.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi nessa bruma, que João Moisés iniciou a sua nova vida. Pensava-se muito capaz, porém apesar de já contar com alargada experiência de vida, arreigada em muita labuta, seleccionou o trabalho que achou melhor se coadunar com o que pretendia – estudar afim de vir a entrar noutro mundo mais excitante. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O eleito foi o lugar de barman, para todo o serviço, já que a sua experiência de empregado de balcão era a de estreante, tinha vinte e três anos apenas, mas demasiada idade para iniciar do zero, tal carreira.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O local era a baixa de Lisboa, tal como desejava, na Rua das Portas de Santo Antão, ainda designada por Eugénio dos Santos, pois teve como patrono esse grande nome da arquitectura Pombalina,</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A altura do ano escolar já estava longe do início e dedicou-se a pequenos cursos que estavam já a deixar de fazer sentido, mas que se revelaram muito benéficos para a integração num mundo novo, o de estudante trabalhador.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Continuando a laborar na mesma entidade patronal e acabando por evoluir rapidamente, foi transferido para outra casa do género, na Avenida da Liberdade, junto ao parque Mayer, na altura um local também de grande bulício da Lisboa nocturna do tempo e como só se trabalhava bem depois das dez da noite, dava para que antes pudesse haver alguma dedicação ao estudo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>As aulas decorriam a bom ritmo, melhor do que João Moisés podia ter sonhado. No caso eram dedicadas a adultos, havia alguns polícias com intuitos de concorrem a inspectores da Judiciária e foi desses que saiu a grande desilusão:</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Para ter acesso àquele Corpo Policial era necessária determinada estrutura física, o ter sido apurado para servir no exército, a condicionante que só por si não bastava.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O seu problema baseava-se em que tinha sido mobilizado por obrigação e fora do mesmo, sem mais outras aptidões físicas, não podia haver seguimento de carreira.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés “teimoso” como era e muito dado a leituras policiais, sem ter em conta que os cenários se situavam sempre na América do Norte, logo atentou na possibilidade de vir a tornar-se investigador privado. Como se haveria de ver!</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ter chegado a Lisboa, trabalhar e estudar, constituía o princípio do cumprimento dum grande sonho, uma realidade que se estava a concretizar, isso era para já o que importava.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Estava hospedado numa grande mansão, no famoso Bairro da Graça, mais propriamente na freguesia de Santa Engrácia. A casa era de uma grande modista, senhora que, por seu turno a tinha herdado dos pais, cujo elemento masculino tinha pertencido a um Corpo Policial, antecessor da Judiciária, falecido na cama repentinamente na mesma noite, que lhe tinham dedicado um jantar, em virtude de ter subido na carreira.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Guindara-se a um posto mais elevado, pela sua inteligência e estrutura moral, o que orgulhara os inúmeros familiares, que não viviam na cidade. Estes aventaram que talvez alguns colegas roídos pela inveja lhe tivessem administrado, naquele jantar de homenagem algum ingrediente fatal, afim de passar a haver na Corporação um alinhamento menos ambicioso.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Havia já muito tempo que o caso se passara, mas era para ainda dar que pensar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Não havia professores Karambas ou Alages, vastas publicidades a cartomancias, ou a várias “leituras”, mas a hospedeira de João Moisés, nos tempos livres, entretinha-se ao estudo da vida das pessoas deitando cartas. Além de ser engraçado, porque em muitas coisas ditas, algo aparecia de verosímil. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>De concreto as predições só serviam mentes fracas, como todos os prognósticos pessoais.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No fundo, muitas coincidências apontavam que se mantivesse o gosto de investigar a fundo muitos assuntos, tanto mais que o trabalho junto ao Café Lisboa, o local onde funcionavam os Teatros de Revista, uma Broadway à portuguesa e ainda a proximidade da maioria das casas de vida nocturna, a sua labuta até às duas da madrugada, o saber ouvir o que se comentava, muito característico dos profissionais de balcão ou de mesa, da indústria hoteleira, eram os ingredientes ideais para perseguir o objectivo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Foi assim que num belo dia, depois de terminado o trabalho da noite, ao chegar às quatro da madrugada a pé, passando pelo Martim Moniz e Rua do Benformoso, uma resolução foi definitivamente tomada: O João Moisés em pensamentos, sempre íntimos e positivos, mesmo àquela hora tardia, tomou uma resolução, a de passar a investigar virtualmente certos factos, que lhe parecessem relevantes.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>No fundo, sempre praticara a ideia de deitar os olhos por tudo o que lhe parecesse razoável, mas para objectivar mais a ideia.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Planeara encomendar e mandar fazer um novo fato, dirigiu-se ao grande estabelecimento, quase em frente ao Hotel Mundial, a tal casa que as rádios anunciavam como a de – “três entradas para uma saída feliz” – denominada “Lanalgo2 e depois de ter feito a compra, de imediato e por já ter entrado a época de fazer aquisições de vestuário para o Inverno, procurou adquirir uma gabardina que lhe conferisse um toque policial. Consegui-o; era de uma cor azul escuro, cinto do mesmo tecido, com ombros adornados de platinas metálicas, como se pertencesse mesmo a algum policial, com a notória diferença de possuir fivelas de metal prateado a fechar.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>João Moisés, tomou ainda a firme resolução de continuar os estudos, para vir a ter um melhor emprego, mas sempre compatível com uma área que lhe permitisse estar atento a qualquer desvio gregário ou algo fora da normalidade comum.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Qualquer defeito vivencial humano que pudesse vir a detectar!...</b></span></div>
</div>
<div class="_5pbx userContent _3576" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_c" style="background-color: white; line-height: 1.38; margin-top: 6px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14px;"><span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="display: inline; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Daniel Costa </b></span></div>
</div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-1887442678627924322017-12-26T04:14:00.002-08:002017-12-26T04:25:24.479-08:00LISBOA CAFÉ<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: x-large;">INICIO - Lisboa Café</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: x-large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: x-large;">Daniel Costa</span></div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-90200449087715202052017-07-02T22:52:00.001-07:002017-07-02T22:52:07.546-07:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="color: magenta; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b>INICIO</b></span></div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-8356328535085339562016-04-02T06:49:00.000-07:002016-04-02T06:49:33.943-07:00VITICULTURA - LIMPEZA DO SARRO NOS TONÈIS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<br />
<br />
<span style="background-color: #ffffe5; color: #333333; font-family: "georgia";"><img alt="" class="imgsize" height="426" id="imgElement" src="http://oi64.tinypic.com/33ttu6t.jpg" title="Click for a larger view" width="640" /></span><br />
<span style="background-color: #ffffe5; color: #333333; font-family: "georgia";"><img alt="" height="480" id="imgElement" src="http://oi67.tinypic.com/72400y.jpg" title="Click for a larger view" width="640" /></span><br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span><b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12pt;"></span></b></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-size: large;">VINICULTURA
- LIMPEZA DO SARRO NOS TONÉIS</span></span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span><b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O Avô fora ferreiro, ao
mesmo tempo era um pequeno industrial de agricultura, incluindo culturas
vinícolas. </span></b><span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span><b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Tinha adega com lagar, um
grande tonel com aduelas de madeira, por já não lhe fazer falta vendeu o maior
por oitocentos escudos, uma quantia elevadíssima para a época. </span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A grande vasilha de vinte pipas, de vinte e cinco
almudes cada, sendo o almude uma unidade de vinte litros. </span></b><span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span><b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Saiu pela porta da adega
em quatro partes, com as respetivas aduelas tiradas dos arcos e pregadas a
vimes. </span></b><span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span><b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Tal era a sua grandeza!</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Agora o avô, que ficara entrevado aos quarenta anos,
foi delegando ocupações aos filhos. o mais velho ficara com ofício de ferreiro,
a seguir, o meu pai, ficou o abegão (tratador e trabalhador com os bois) o seguinte
também aprendeu o ofício de ferreiro, o quarto foi carpinteiro, o quinto
trabalhador do campo. </span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Mais três raparigas donas de casa.</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Quando andava na escola havia a adega, lembro-me do
grande tonel e da sua venda, mas ainda ficaram outros tonéis menores que eram
cheios com a produção de uma das vinhas que ficara sempre para o avô cuidar do
cultivo. </span></b><span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span><b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Produzia para venda e para
prover a casa.</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O lagar era alugado a quem o solicitasse, ao custo
diário de um almude de vinho que também ali ficava armazenado.</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A seu tempo, procedia à trasfega do vinho. </span></b><span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span><b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A borra que produzida era
retirada e vendida a um comerciante do ramo, que trazia sacos brancos, onde
metia o produto para transformar, creio que em bagaceira.</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Depois de vendido, o vinho e consequentemente
esvaziados os tonéis, era necessário proceder à sua criteriosa limpeza, coisa
de que o avô sempre fora exímio, pois disso dependia em muito a qualidade do
sabor do produto. </span></b><span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span><b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Saia sempre um verdadeiro
néctar, com influência no preço, que o teor do mesmo justificava. </span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Tempos diferentes!...</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Começava por mandar raspar o interior dos toneis com o
fim de tirar todo o que chamava “sarro”:</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Era ai que eu entrava, depois de solicitado os meus
serviços ao pai.</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Entrava dentro do tonel, por uma abertura que havia em
todas as unidades, com uma escotilha, aberta logo que vazios, em cuja podia ser
aplicada uma torneira em cavidade própria, até então tapada por uma rolha de
cortiça ou por meio de um torno de vime, metido num pequeno furo produzido para
o efeito, por uma verruma, para provar ou medir a graduação do vinho.</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Dentro do tonel, era para mim um novo mundo, uma
interessante aventura assinalada com cânticos, que dentro da vasilha soavam de
maneira diferentemente, estranha e ampliada, que até o avô sempre ficava sorridente
e cheio de complacência, na sua inegável austeridade, devia gozar enquanto de
fora ia comandando a operação, com as suas interjeições ternas de comando:</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">- Olha limpa bem por cima!... Já limpastes bem, do
lado direito?... E do esquerdo?... Agora raspa e limpa bem debaixo!...</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Depois uma vassoura, para varrer tudo, para uma pá que
o avô segurava de fora, depois deitava num saco, voltando com a mesma para
encher de novo.</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Tudo impecavelmente limpo, como era lei da casa. </span></b><span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span><b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O avô com contentamento
dava, como prémio, uma moeda de cinquenta centavos.</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Como tudo produzia dinheiro, dali por algum tempo
passaria um comprador para o “sarro”. </span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O mesmo era acastanhado e brilhante. </span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Julgo saber que dele se extraía determinado químico.</span></b></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "georgia" , "serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span></div>
<br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: red; font-family: "arial" , "sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Daniel Costa</span></b></div>
<br />
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "arial rounded mt bold" , "sans-serif"; font-size: 14pt; line-height: 115%;"> </span></div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-11321342830958010642016-03-16T10:25:00.000-07:002016-03-16T10:25:40.575-07:00FOLAR - BOLECA COM OVO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<strong>
</strong><br />
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial rounded mt bold" , "sans-serif"; font-size: 18pt;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><img alt="" src="http://oi65.tinypic.com/szj2n9.jpg" height="426" id="imgElement" title="Click for a larger view" width="640" /></span></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial rounded mt bold" , "sans-serif"; font-size: 18pt;"><span style="color: red; font-family: "arial";"><br /></span></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial rounded mt bold" , "sans-serif"; font-size: 18pt;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>FOLAR – BOLECA
COM OVO</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong> </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Tinha,
precisamente, cinco anos e meio de idade, era Domingo de Páscoa, a minha mãe
logo de manhã mandou-me a casa do avô buscar uma garrafa de vinagre. </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>O abastecimento
de vinagre, lá em casa, era sempre da adega dos avós paternos, que mantinham
um barril com o mesmo, feito da sua produção de vinho.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Tudo bem
portanto! </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Havia ainda
dois tios solteiros, saudando-me com certa euforia disseram, como se isso aos
meus olhitos de criança fosse alguma coisa de outro mundo: </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>- À tarde vêm
cá todos, hoje é Domingo de Páscoa e a avó fez bolecas com ovo e vai dar uma a
cada neto!...</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong> </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>- A minha resposta, com ar de irradiante felicidade:</strong></span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>- Não preciso, a mãe também cozeu ontem e fez uma boleca para cada
filho!...</strong></span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>- Tios em uníssono, com ar pouco amigo:</strong></span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>- Ah… Não precisas!...</strong></span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>- E, a avó está tão contente por ver e presentear o conjunto dos netos!...</strong></span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong> </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>- O ar de pura
reprovação, e ensinou-me algo. Mas só mais tarde, pensei que aconteceu uma
humilhação, mais que inadequada para uma criança de tão tenra idade.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Aqueles meus
tios não tiveram o mínimo de sensibilidade para sentir a criança de índole
“fresca”, ao mesmo tempo humilde que eu era.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Na altura, nem
conhecia a palava, mas senti-me humilhado, sobretudo com o tom de voz.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Humilhado… A
tal ponto que a mãe à tarde, muito procurou por mim mas em vão, já não me
encontrou.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Até que
resolveu ir a casa dos avós com os outros três filhos, sem mim o mais velho.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Segui a
mãe à distância, sem ser visto. Não pude deixar de me comover, porque
senti a grande preocupação da minha mãe.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Com o assunto
arrumado, logo me instalei, tristonho, em casa. </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Fazia parte da
reunião, a professora, que vinda de Alcafache, Viseu, a Dona Justina, era amiga
da casa e consequentemente, considerada pelos avós. </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>É pelo facto
dela lecionar ali naquele ano, que preciso exatamente a minha idade.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 2.4pt 0pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Quando equaciono o caso, verifico que os meus avós,
nem sequer se dignaram entregar à mãe uma boleca para mim, outro erro!</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Passaram umas
boas dezenas de anos e nunca esqueci o fato. Fixado na memória, jamais esqueci
o fato.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Não dei uma
reposta correta, tanto mais que a educação austera, diria mais conventual,
paterna, não se coadunava, mas afinal eu era uma inocente criança e devia haver
certo cuidado de aproveitar a oportunidade, propícia a um ensinamento prático,
que decerto eu aceitaria de bom grado.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Adultos a
humilhar traquinices de criança, a falar à mesma, considero errado. </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Um miúdo
quer-se aberto, os adultos têm de ter por força, a preparação para
observar o pensamento delas e tentar corrigir sem humilhar.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Se uma criança
diz não gosto de ti, não vamos responder a dizer: </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Também não gosto, calha bem!</strong></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Porque não
fazê-lo de outro modo? </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Dizendo: </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>- Gostarei
sempre de ti!...</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Normalmente a
criança olha, vê-se nela a sensação de um certo prazer, como quem diz - Afinal
sou estimada!</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>E dar prazer
aos outros, sobretudo a crianças, é agradável!</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>O ensinamento,
sem se ver, persistirá e ficará sempre no seu íntimo, como gratificante.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Naquele caso, a
memória que guardo destes tios é a de que nunca os deixei de olhar de soslaio,
quero dizer, de modo nada positivo.</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong> </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Boleca com ovo,
feita nos meus anos quarenta, com mais ou menos arte, era o nome dado na
aldeia do meu nascimento a um tipo de pão branquinho, de farinha de trigo, mais
pequeno cozido com um ou dois ovos, um dos modos, com que padrinhos, tios, avós
ou pais distinguiam a sua petizada pela Páscoa. </strong></span></span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong> </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>Daniel Costa</strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong>
</strong></span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 229); line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="color: red; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><strong> </strong></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial rounded mt bold" , "sans-serif"; font-size: 14pt; line-height: 115%;"> </span></div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-70403294985202457502016-03-11T01:03:00.002-08:002016-03-11T01:04:58.843-08:00A MAGIA DOS BRINQUEDOS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="color: #ff6600;"><img alt="" class="imgsize" src="http://oi67.tinypic.com/2iql5rk.jpg" height="607" id="imgElement" title="Click for a larger view" width="640" /></span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #ff6600;"><br /></span></b></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><span style="color: #ff6600;">A MAGIA DOS BRINQUEDOS</span></b><b><span style="color: #ff6600;"> </span></b><span style="color: #333333;"><o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: #333333;"></span><div class="MsoNormal" style="background: rgb(255, 255, 229); margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br />
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"></span></span><br /></div>
<span style="color: #333333;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(255, 255, 229); margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #ff6600; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Devia ter apenas cinco anos de idade, quando numa última interação nas brincadeiras dos filhos, o meu pai construiu para mim um carrinho de bois de caniço.<br /> Como magia, bastou para a minha aprendizagem, a ponto de em casa não mais terem faltado construções de brinquedos de caniço.<br /> De facto estes brinquedos artesanais estavam, em exposição na escola primária que funcionava perto da minha casa.<br /> Seria a professora que, achando naquelas peças algo do folclore local, tratou de promover a sua mostra dependurando, estrategicamente vários numa das paredes da sala de aula.<br /> Possuí variados daqueles brinquedos, todos imaginados e executados por mim próprio.<br /> Era assim uma aldeia do Oeste (Peniche) desse tempo, onde dominava um certo atraso e pobreza, em virtude de estar-se ainda a viver o fim da Segunda Guerra Mundial.</span></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(255, 255, 229); margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #ff6600;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O açúcar ainda se adquiria por racionamento!<br /> Ainda me acho capaz de indicar como se executavam os carrinhos de bois de caniço.<br /> A ferramenta era apenas o que havia à mão, uma faca de cozinha, com o indispensável bico, com a mesma se faziam os respetivos cortes no caniço seco, consistiam no seguinte:<br />- Dois pedaços à medida compunham as partes laterais, um bastante maior fazia o centro da estrutura, enquanto em conjunto formava o cabeçalho (varal) do carro.<br /> Nos dois pedaços iniciais, faziam-se buracos com o bico da mesma, de modo a que ficassem retangulares só do lado de dentro. No centro os furos eram executados dos dois lados.<br /> Na mesma direção a meio, nos vértices, por debaixo dos dois primeiros pedaços, faziam-se furos mais pequenos de onde iam partir as estruturas para o rodado.<br /> Posto isto, dum outro pedaço tiravam-se as chamadas travessas, que constavam de caniços rachados, tinham de encaixar bem em todos os buracos, ficando assim feita a estrutura do carrinho:<br />- Às travessas dava-se a função de, outra vez com bocados de caniço lascado, tamanho igual e entrelaçados, a construir o estrado.<br /> A seguir dava-se a construção do inevitável rodado, ia-se aos furos que se tinham inserido noutro ângulo e com quatro pequenos pedaços, dois de cada lado, eram metidos outros tantos pequenos nacos mais finos, que teriam de ficar salientes.<br /> As rodas já não eram de caniço, mas sim de madeira, tirada de carrinhos de linhas, que serviam para executar rendas de bilros de Peniche, atividade muito vulgar naquele tempo, nas tarefas das donas da casa do citado concelho.<br /> Sempre a mesma faca, separava o interior dos citados, que imitavam muito bem as rodas, ligando-as depois com eixo feito também de caniço.<br /> Desse modo, o brinquedo era uma verdadeira obra artesanal, enquanto naífe.<br /> A vulgaridade da faina agrícola da época, com os carros movidos por juntas de bois, serviam de preciosos modelos, para fazer funcionar a imaginação de um pequeno construtor de brinquedos.<br /> No que servia de cabeçalho do carrinho, podia construir-se outro furo na ponta final, para se introduzir um elemento móvel ali chamado chavelha.<br /> A mesma em que se amarraria a canga que jungia os bois, no caso imitada por dois bocados, sempre de caniço, sendo o sítio das patas feito apenas com um corte diagonal. </span></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(255, 255, 229); margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #ff6600;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Para imitar os chifres, dois furos nas pontas, onde se introduziam já aguçados, pedaços do mesmo material.<br /> Com tudo pronto ainda se podiam, por meio de furos introduzir fueiros móveis, para tornar a imitação do brinquedo mais credível.<br /> Depois entrei em nova fase e dos caniços, separava pedaços para fazer outros brinquedos, como assobios, pífaros, moinhos de vento, etc.<br /> Com rachas, em pedaços com cerca de meio metro, eram feitas uma espécie de castanholas. Com batimentos secos, feitos com a parte anterior da mão, davam uma música, mesmo de caniço rachado.<br /> Por fim já adolescente, sendo o meu pai pequeno lavrador, cultivando os seus pedaços de terra, levava tudo à moda dos ancestrais, ignorando alguma modernização, que seria conveniente introduzir.<br /> Chegado o Outono o pai fazia também a sua água-pé.<br /> Era um caso sério para a abrir. </span></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(255, 255, 229); margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #ff6600;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A todos os argumentos, respondia que ainda não estava bem "cozida" (fervida), porque era uma bebida mais forte do que outras já provadas.<br /> A partir disso era letra morta qualquer argumentação. </span></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(255, 255, 229); margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="color: #ff6600;">Inventei então um pequeno truque:<br />- Mais uma vez, um pedaço de caniço, com as zonas nodosas interiores obliteradas, por meio de um arame, formando como que uma palhinha com mais caudal que, metida na parte de cima do barril e chupada, sugava-se um verdadeiro "champanhe saloio", quiçá o melhor do mundo.<br /> Foi a maneira de se poder fazer a prova, o pai nunca se apercebeu da descoberta do verdadeiro ovo de Colombo.<br /> Isto sendo folclore local, também teria a ver com o facto daquela planta poácia, igual à cana, mas mais fina, existir em abundância naquela região à beira mar, onde se pode notar sempre uma brisa marinha, que obriga as terras de vinha, por exemplo, serem abrigadas por sebes de caniço seco, afim-de ser protegida a produção de uvas.<br /> Tudo isto se passou numa fase de meninice, talvez precoce, na aldeia da Bufarda, no concelho de Peniche.<br /> Asseguro que as minhas brincadeiras tinham sempre algo em comum com a realidade, que vivida então, com a maior seriedade deste mundo, como se não estivesse a viajar no tempo do faz de conta.</span><span style="color: #333333;"></span></span></strong></div>
<strong></strong><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(255, 255, 229); margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><br /><strong></strong></span><strong><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="color: #ff6600;">Daniel Costa</span><span style="color: #333333;"></span></span></strong></div>
<strong></strong><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
</div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-1889861950967951235.post-50164262206233565892016-03-08T11:13:00.001-08:002016-03-08T11:13:15.295-08:00INICIO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<h2 style="text-align: left;">
<span style="color: red;">INICIO</span></h2>
<span style="color: red; font-size: x-large;"><br /></span></div>
Daniel Costahttp://www.blogger.com/profile/18365468956488759820noreply@blogger.com0