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terça-feira, 2 de novembro de 2010

POEMA AS CONCHINHAS


AS CONCHINHAS

Ainda não havia chegado a televisão
Jogos e computadores, evidentemente não
Jogava-se a concha, o berlinde, o pião
Improvisado aparecia o jogo da semana
Oito casas, riscavam-se no chão
Batos feitos de pedaços de caco
Arredondados na cantaria do vão
Jogava-se, para apurar o campeão
Era a vida, a da pequenada, a da ilusão
Para jogos não havia inventos, havia tempos
Dizia a professora fúrias, conforme os ventos
Para jogar, tinham seus instrumentos,
Verdadeiros tesouros de inventos
Escasseavam nos bolsos as conchinhas
A jogar numa nóquinha, como se dizia então
Davam à costa e abundavam na Praia da Consolação
Acabadas as aulas, estava a começar o Verão
Tudo se muniu e a professora lá levou o pelotão
Cada qual apanhava o seu tesouro, o seu quinhão
Tudo mudou, não há conchinhas
Pena, porque estavam ali uns diamantes
A preencher os bornais das ilusões de então
Do jogo das conchinhas poucos se lembrarão
Mas lá está o extenso areal
Qual cosmopolita Copacabana de Portugal
Representando a Praia da Consolação

Daniel Costa

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