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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

POEMA MIL PAUS

Nota de mil escutos, dos anos cinquenta

MIL PAUS

Surgiu o mais novo dos Naus
com a sua dose de loucura
Vamos á feira da Ribeira trago mil paus
Não era um engano
Eram apenas mil escudos
Uma fortuna trazia o garoto paisano
Nos anos quarenta, a seguir à guerra
Estávamos afinal num mundo de engano
Era Quinta-feira
Aquele grupinho de pés descalços
Em pelotão, foi a correr à feira da Ribeira
Ninguém até ali conhecia
Tão bonito lençol
De tão grande Valia
A importância, um quarto dava para calçar todos
Mas o respeito que nos merecia
Deu para trazer intacta a nota
Se o pai Nau desse pela falta
A aventura daria torta
O Chopo era assim
Um bom “vivan”, um bom amigo
Um dia a professora, que não era ruim
Levou-nos de passeio à praia da Consolação
É junto à cidade de Peniche
Sete quilómetros, a andar a pé, de escantilhão
Ainda havia marés a trazer bonitas conchinhas
A casa dum milionário na nossa visão
Disse o Nau, o Chopo
Ali mora um homem com mil notas de mil, pois então!
Em comparação com o velho, Nau
Que apenas tinha cem, era um valentão
Cenas que recordo
Como do Chopo, algumas vezes
Com estes bonitos sonhos acordo
Idades felizes
A dose de loucura, a aventura, a idade do sonho
Mil paus, o que equivalem em Dólares ou Euros
Hoje não dá para flores, nem para um molho

Daniel Costa



1 comentário:

  1. O valor daquilo que não tem preço.

    Obrigada pela presença Daniel!
    Abraço!
    E vamos confiar na vida! (E no amor). :)

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