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domingo, 5 de dezembro de 2010

POEMA EM MIRAGAIA


EM MIRAGAIA

Não foi na Atalaia
Onde me soltei e me senti feliz
Onde trabalhei foi em Miragaia
Aos Domingos, depois de cumprir obrigações
Oito passadas* a corta mato chegava
Casa materna, presente ao almoço e nas reuniões
Novas passadas de novo cumpria
Ano em que chegava a TV, não televisões
Cento e cinquenta mil réis por mês
Mais comida, num ano de grandes emoções
Eram o salário do maltês
Que liberdade dos céus meu Deus
Numa lagarada, acabado o vinho abafado
Emborquei um quarto de litro, como os ateus
Induzido, bebendo água em dobro antes
Não turvei, por Zeus
O patrão sabia como se fazia
Para provar como de se bebia aos judeus
Foi um dos muito episódios
Duma vida errante
A militar no grupo dos bons demónios
Tempos que a mente filmou
Dos bons tempos em me afirmei
Como fui e sou
A soltarem-se ideias de namoriscos
Eram outros tempos, esses fracassados
Nunca passaram de simples catrapiscos
Recordo muitas novelas
Da primeira vez ter assistido à televisão
Depois de três passadas a partir dai
Ir conhecer essa visão

Daniel Costa

* PASSADA - QUILÓMETRO

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