HORTA DO ARNEIRO
Olhando aquele espaço
Vazio de ressequido restolho
O que podia ser regaço
Da mãe natureza
Cru, seco vazio, vazio
Com um veio de água, uma tristeza
Chegara a TV a Portugal
E o Arneiro de triste singeleza
Estava na adolescência
Conseguira um trabalho em beleza
Concerto de estrada
Lourinhã a Ribamar, uma grandeza
Passava ao pedaço do Camarão
Jamais esquecia Pedrógãos
O luar da Eira o cultivo vinícola do Fanfarrão
Mas meus deuses
O espaço do Arneiro vazio e sensaborão!
Perpetuava-se um pecado
Com o caudal de água à mão
Dum sonho meu nasceu
Uma clandestina horta, um senão
O Aneiro havia de ser trabalhado
Ao Domingo e ao serão
Um dia, o pai Zé
Ao Domingo na tasca
Que se veio a transformar em café
O segredo estoirou, alguém o abordou
Que maravilhosa horta tens Zé!
E o Arneiro ali à mão
Bonito? Não dera Fé!
De quem o alertara não duvidou
Ficara como louco
A tradicional enxada afagou
Foi visitar o Arneiro
O Arneiro o deslumbrou
Do feito do petiz
Ficara feliz e tacitamente colaborou
Viera a mobilização para guerra de África
Três anos, a erosão, o sonho secou
Ao ver de novo o seco restolho
Fez-se luz, outro sonho, o de Lisboa restou
A horta foi lição
Dez anos depois, de degrau em degrau
Outro mundo, o das letras era o campo então
De vida, aos vindouros
De várias, que não se usam, vivi, deixo uma lição
Era petiz de dezassete anos
Foi sonho ontem, sonho vivido então
Daniel Costa
Quanto talento você tem!
ResponderEliminarParabéns.
Bjos
Dani, que lindo!
ResponderEliminarA Carmela me avisou desse seu novo blog.
Vim correndo ver.
Vou falar p/ Lita, ela vai adorar.
Bjim.