RELÓGIOS DE SOL
Mocidade talvez grandiosa
Imaginação aventura
Nem de perto nem de longe ociosa
Diriam dura
Para mim aventurosa
Muito criança azáfama segura
Vida bastante vivida
Havia o sonho, a ideia de aventura
Recordo e sorrio *
O pai era especialista (?) a podar e empar *
Videiras, em parcelas, abrigadas de caniceras *
Ali no Oeste à beira-mar
Destinava trabalho aos filhos
Enquanto a jorna do dia ia ganhar
No fanfarrão e noutras courelas
Quando o estômago pedia para jantar*
Havia uma cana, como relógio de sol
Indicava o meio-dia, o jantar * prestes a chegar
Por vezes calhava Pedrógãos
O sítio é lindo, embora pareça isolado
Avistava-se a igreja da Rebera *, não havia imbróglios
Quando na fachada o sol batia
Os estômagos exultavam:
- Pelo sol, meio-dia!
O sonho e aventura comandavam
A aventura mais sonhada, de chegar um dia havia
Sonhada, aventurosa, acariciada
Raiou um belo dia
Recordar, a aventura dos relógios de sol
A meninice será recordar não é fantasia
Recordar a aventura
Que passou um dia, como se fora maresia
Junto ao mar
Alegrias da meninice que foram um dia
Daniel Costa
*sorrio: recordo que aos 17 anos podava e empava videiras, nunca as do meu pai, ou outras da minha aldeia de nascimento
*canicera = caneira: sebes de caniço seco
*jantar: refeição do meio-dia solar
*Rebera: Ribeira - o nome que se dava muito à aldeia de Riba Fria
D. C.
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