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domingo, 11 de julho de 2010

POESIA UM HOMEM SÓ


RELÓGIOS DE SOL

Mocidade talvez grandiosa
Imaginação aventura
Nem de perto nem de longe ociosa
Diriam dura
Para mim aventurosa
Muito criança azáfama segura
Vida bastante vivida
Havia o sonho, a ideia de aventura
Recordo e sorrio *
O pai era especialista (?) a podar e empar *
Videiras, em parcelas, abrigadas de caniceras *
Ali no Oeste à beira-mar
Destinava trabalho aos filhos
Enquanto a jorna do dia ia ganhar
No fanfarrão e noutras courelas
Quando o estômago pedia para jantar*
Havia uma cana, como relógio de sol
Indicava o meio-dia, o jantar * prestes a chegar
Por vezes calhava Pedrógãos
O sítio é lindo, embora pareça isolado
Avistava-se a igreja da Rebera *, não havia imbróglios
Quando na fachada o sol batia
Os estômagos exultavam:
- Pelo sol, meio-dia!
O sonho e aventura comandavam
A aventura mais sonhada, de chegar um dia havia
Sonhada, aventurosa, acariciada
Raiou um belo dia
Recordar, a aventura dos relógios de sol
A meninice será recordar não é fantasia
Recordar a aventura
Que passou um dia, como se fora maresia
Junto ao mar
Alegrias da meninice que foram um dia

Daniel Costa

*sorrio: recordo que aos 17 anos podava e empava videiras, nunca as do meu pai, ou outras da minha aldeia de nascimento
*canicera = caneira: sebes de caniço seco
*jantar: refeição do meio-dia solar
*Rebera: Ribeira - o nome que se dava muito à aldeia de Riba Fria

D. C.


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